RELIGIÃO ARTÍSTICA

Sempre se pensou que não há muita relação entre Arte e Religião. Entretanto, no Japão, as manifestações artísticas tiveram início com a arte budista, não obstante se limitassem a simples quadros, estátuas, tecelagem, etc. No que se refere à música, existiam instrumentos tais como sho (1), hitiriki (2), mokugyo (3) e dora (4) e os sons emitidos na leitura dos sutras budistas. Por isso, podemos dizer que se tratava de uma arte primitiva.

Mais tarde, estimulada pela introdução das artes chinesa e coreana no país, a arte japonesa passou por um período de imitações, até que conseguiu criar um estilo próprio. Atualmente, com a importação da cultura ocidental, também foi introduzida a arte do Ocidente. Principalmente após a Era Meiji (1868-1912), afluíram, com grande intensidade, as artes dos Estados Unidos e da Europa. Em consequência, no panorama artístico japonês da época atual, encontram-se as melhores obras de todo o mundo, as quais estão sendo absorvidas e assimiladas, de modo que, aos poucos, vai se criando uma arte universal. Por isso, talvez possamos afirmar que o Japão é um centro cultural.

Não existe, ou melhor, nunca existiu uma religião que desse tanta importância à Arte quanto a Igreja Sekai Meshiya Kyo. Isto porque o Paraíso Terrestre, nosso objetivo último, é o Mundo da Arte. Obviamente, se ele é um mundo isento de doença, pobreza e conflito, isto é, o mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo, o homem seguirá a Verdade, amará o Bem e odiará o Mal; assim, todas as coisas se tornarão belas. Nesse sentido, a Arte não será apenas um deleite indispensável; ela constituirá a própria vida e se desenvolverá intensamente. Ou seja, o Paraíso Terrestre será o Mundo da Arte. Eis o motivo pelo qual tenho grande interesse por ela e pretendo incentivá-la bastante, no futuro. Como primeiro passo, estou construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, em Atami; quando ele estiver concluído, atrairá ainda mais a atenção da sociedade, recebendo muitos elogios. Infalivelmente, merecerá consideração a nível mundial. Portanto, estamos dando prosseguimento aos planos sob essa diretriz.

06 de junho de 1951

(1) Instrumento musical de cano. É constituído de dezessete canos de bambu, longos e curtos, dispostos verticalmente. Dois deles não emitem som; os quinze restantes possuem orifícios na parte anterior e na parte posterior.

(2) Instrumento musical de cano, semelhante à flauta.

(3) Instrumento que se bate na hora de ler os sutras. É feito de madeira oca, arredondado, esculpido em formato de cabeça de peixe. Para se produzir o som utiliza-se um pequeno bastão coberto por um pedaço de pano ou couro.

(4) Instrumento musical semelhante ao gongo.