069 – MIRAGEM E SHIRANUI

Pergunta: Ensine-nos, por favor, sobre Shiranui[1], miragem e aurora polar.

Meishu-Sama: Pude ver várias vezes uma miragem na costa de Hokuriku[2]. Foi possível enxergar paisagens e construções da península coreana. Elas são projetadas no vapor d’água, assim como ocorre com o arco-íris. Esta é a origem. Pode-se ver muito bem a miragem em Uozu.

Quanto ao Shiranui (existem inúmeras teorias), na época em que o Imperador Jinmu[3] conquistou o Japão, existiam inúmeros documentos antigos, objetos etc. Todos são de importância histórica, mas foram lançados ao Mar do Shiranui[4]. Nesse momento, alguém roubou os objetos de maior importância e fugiu para Echizen[5], enterrando-os para que fossem preservados. Takenouchi-no-Suke[6] (64-344) é um descendente desta linhagem (isto é verídico). Neles, há o histórico de 75 gerações anteriores ao início da era atual, sendo que o Imperador Jinmu surgiu nesse ínterim. Então, a história que antecede este fato foi apagada e o que foi descartado está sendo protegido por um ryujin[7]. A luz é visível quando o ryujin emerge. Katsutoki Sakai (1874-1940) chegou a traduzir o shindai-moji[8], mas trata-se de algo provindo do ocidente.

A aurora boreal é vista no Polo Norte. O espírito é extremamente denso no Norte. Além disso, lá há uma alternância entre estado denso e estado rarefeito. Quando fica denso, reflete os raios solares.

21 de dezembro de 1948

 

[1] Shiranui: Fenômeno ótico semelhante à miragem, que ocorre em alto-mar devido à inversão térmica. Geralmente, o fenômeno é visto durante o verão japonês no mar de Yatsuhiro e no Mar de Ayake, ambos localizados na ilha de Kyushu. Veja aqui um exemplo da miragem em Uozu: https://www.youtube.com/watch?v=3bkUjkk0krM

[2] Hokuriku: Antigo nome de uma região geográfica localizada ao norte da principal ilha do arquipélago japonês, que equivale atualmente às províncias de Ishikawa, Fukui, Niigata e Toyama.

[3] Imperador Jinmu: O Imperador Jinmu (711-585 a.C.) foi o primeiro imperador do Japão. Governou entre 660 até 585 a.C. e a linha de sucessão dos imperadores japoneses baseia-se nos descendentes de Jinmu.

[4] Mar do Shiranui: Como também é conhecido o Mar de Yatsuhiro, extensão marítima semifechada que separa a ilha de Kyushu das ilhas de Amakusa.

[5] Etchizen: Antiga província do Japão que, atualmente, equivale a parte da província de Fukui.

[6] Takenouchi-no-Suke: Também conhecido como Takenouchi-no-Sukune, foi um herói lendário da história do Japão, que serviu a pelo menos cinco imperadores, entre eles o Imperador Ojin (270-310), que foi uma encarnação anterior de Meishu-Sama.

[7] Ryujin: Em tradução livre, significa “divindade dragão”. Trata-se de uma divindade cultuada como padroeira das águas ou divindade dos mares. Também é considerada protetora de lagos, córregos, rios, mares e oceanos. Desempenha um papel divino nas lendas japonesas por ser considerada a divindade que controla o movimento dos mares.

[8] Shindai-moji: O original em japonês pode ser traduzido como “Caracteres da Era das Divindades”. Trata-se dos ideogramas utilizados no Japão antes da adesão do kanji (ideogramas adquiridos a partir dos caracteres chineses). Desde a era Edo (1603-1868) estão sendo realizadas pesquisas para comprovar a veracidade dos registros escritos nesses caracteres.