CAPÍTULO 23 – DOENÇAS DO ESTÔMAGO

Agora, explicar sobre os pulmões seria a ordem certa, mas como já falei exaustivamente sobre eles, passarei a falar sobre o estômago. Como vim explicando até agora, quase todas as causas das doenças são os tóxicos dos remédios, e isso é mais evidente principalmente no caso das doenças do estômago. Pode-se dizer que todas elas são causadas por esses tóxicos.

Escreverei detalhadamente sobre isso: é comum todas as pessoas, de vez em quando, comerem exageradamente, sentirem-se mal com alguma comida, terem azia, etc. Nesse casos acreditam que apenas tomando remédios poderão curar um problema que, se deixado de lado, se resolveria por si mesmo. Então, ingerem-nos imediatamente. Como há melhora momentânea, acreditam que o remédio resolveu tudo rapidamente. Entretanto, sem que se deem conta, apenas uma dose desses remédios pode, no futuro, tirar-lhes a vida. Esse é o problema.

Resumindo, tomar apenas uma dose de remédio significa estar plantando a semente da doença. Isto porque, passado algum tempo, novamente o estado do estômago infalivelmente piorará. Então será necessária nova dose do remédio, e isso acabará se tornando um vício. É exatamente como nos casos dos viciados por drogas; depois de algum tempo, já não se consegue viver sem elas. Nesse estágio, já não há mais solução, pois a pessoa já se tornou viciada em remédios para o estômago. Assim, ao fazer exame médico, é diagnosticada fraqueza do estômago, gastrite, indigestão, acidez do estômago; então, não se pode comer isso ou aquilo, é preciso tomar esse ou aquele remédio, é preciso seguir as recomendações médicas, etc. Agindo conforme as recomendações, mesmo que a princípio haja melhora, a cura não será alcançada, e logo a situação voltará a ser crítica como antes. Azia, vômitos, dor, declínio de apetite, etc – vários sintomas aparecem, uns após outros; como não há outra solução, e tomando remédio há alívio momentâneo, todos acreditam que são curados por ele. Assim, cada vez mais são incapazes de abandoná-los. Entretanto, o remédio que no começo fazia efeito vai, aos poucos, tornando-se ineficaz; assim, vai-se mudando e experimentando vários remédios, mas apenas na ocasião em que se toma o novo remédio ele é eficaz. Com o uso contínuo, tudo voltará a ser como antes, e a pessoa se tornará portadora de intoxicação estomacal, provocada pelos remédios.  Esse procedimento também faz com que a pessoa passe a vomitar sangue. Então ela se assusta e, ao ser examinada pelo médico, ele lhe diz: “Você está com úlcera estomacal; se não tomar cuidados extremos com a saúde, poderá ser fatal”. Aí a pessoa não poderá comer comida sólida, apenas dieta líquida; precisará de repouso absoluto, etc, passando a ser tratada como portadora de doença de maior gravidade.

Até agora, descrevi o processo mais freqüente desde seu começo, mas, na verdade, atualmente o número de pessoas que se enquadra nessa descrição não é pequeno. Se refletirmos bem sobre tudo, desde o começo, veremos que, quando o estômago começou a apresentar problemas, tudo se resolveria naturalmente se não fosse tomada providência alguma. Mas o homem contemporâneo, que está mergulhado na superstição da medicina, acredita que, se não tomar remédios, não ficará curado, e que se não tomar providências, sua situação irá piorando pouco a pouco. Com essa preocupação, obstinado, procura rapidamente um médico e usa remédio e outras drogas. Por essa razão, através dos remédios vai criando cada vez mais sérias doenças do estômago, o que é algo que deve ser temido, além de não deixar de ser estúpido.

Geralmente os remédios para o estômago são, naturalmente, aceleradores da digestão, e são compostos que tem como base o bicarbonato de sódio. Como todos sabem, o bicarbonato de sódio tem o poder de amolecer as substâncias, e é muito usado para cozidos. Entretanto, com essa teoria, se os remédios para a digestão forem ingeridos continuamente, as paredes do estômago também irão amolecendo; com esse amolecimento, ao comer alimentos sólidos, eles atingem a mucosa das paredes do estômago, que se tornaram moles, causando feridas, de onde sai sangue.

Quando o sangue é expelido com uma cor clara, ele é novo e, de acordo com as proporções do dano no local afetado, grandes quantidades de sangue podem ser expelidas. Entretanto, de acordo com a pessoa, há casos em que ele se torna um líquido cor de café; além disso, observa-se alguns grãos escuros. É o sangue velho, que mudou de cor, e os grãos escuros são sangue coagulado. Também acontece de, junto com as fezes, serem expelidos pedaços coagulados de sangue escuro; é um sangue velho, que saiu da ferida no estômago e que nele se acumulou, e que, ao ser dissolvido, é expulso. Entretanto, há pacientes que, uma ou duas vezes por dia, vomitam sangue velho, da cor de café, em grandes quantidades. Mesmo nesses casos, nós acreditamos que isso é curado com relativa facilidade. Todavia, essa doença é considerada muito difícil de ser curada pela medicina; considerando que sua causa real são os remédios, não há dúvida que isso é muito incômodo para os médicos. De qualquer forma, como se trata de uma doença cuja cura depende de se abandonar os remédios, tenho vontade de dizer que, se a pessoa parar de tomá-los e tiver paciência, é certo que ficará curada. O método é o seguinte: no começo, enquanto ainda houver eliminação de sangue, mesmo em quantidade pequena, é bom ingerir apenas alimentos líquidos. Quando a eliminação cessar, gradualmente poderão ir sendo ingeridos alimentos sólidos.

A seguir falarei sobre as outras doenças do estômago.

A atonia gástrica (acidez no estômago) é uma doença muito mais freqüente; é causada pelo excesso de acidez. Entretanto, como é lógico que o ácido é uma transformação dos remédios, a cura depende da sua não ingestão.

A seguir, falarei sobre a gastralgia; a mais dolorosa é o gastropasmo. É uma dor violenta, quase insuportável. O tratamento médico é feito através de remédios cuja base é a morfina; esses remédios dão alívio momentâneo, através da anestesia, mas, logo a seguir, a dor reaparece. Por isso é fácil criar dependência. É claro que também essa doença é causada pelos tóxicos dos remédios; vou explicar seu processo de evolução.

Ao tomar remédios, eles vão para o estômago. Como expliquei anteriormente, os remédios não são digeridos e acumulam-se no estômago. Como o homem se deita, os tóxicos dos remédios atravessam o estômago, e descem e vão se solidificar nas costas. Eles são dissolvidos através da purificação e retornam ao estômago; só que, nessa ocasião, já estão transformados em toxinas. O estômago, então, tenta expulsá-las para fora. Como a dor violenta funciona como um estímulo para essa expulsão, no caso dos gastropasmos, se não se fizer nada, tiver paciência e suportar a dor, sobrevirá uma diarreia; através dela as toxinas serão expulsas, e haverá a cura. Entretanto, até que as toxinas sejam completamente eliminadas, essa diarreia acontecerá inúmeras vezes, mas não há outra solução. Isso é inevitável. Porém, a cada eliminação, o processo irá se tornando cada vez mais suave, terminando pela cura total.

A seguir, vem o câncer no estômago, mas nesse caso há dois tipos: o câncer verdadeiro e o câncer falso. Na realidade, o câncer falso acontece com muita freqüência. A causa do câncer verdadeiro é espiritual, o que se inclui na esfera religiosa. Por isso, explicarei apenas sobre o câncer falso; logicamente, sua causa também são os remédios. Conforme expliquei anteriormente, depois que eles se solidificam nas costas, voltam novamente ao estômago. O resultado da interrupção desse processo através do tratamento médico é que as toxinas novamente se solidificam. Só que dessa vez, não é uma solidificação simples, e sim, de caráter maligno. Isso porque as substâncias venenosas novamente se solidificam; isso é o câncer. Entretanto, como isso também tem relação com a natureza dos remédios ingeridos, não se pode afirmar que todos os remédios conduzem a esse resultado.

Também nesse caso, mesmo deixando a doença seguir seu curso, é possível que leve bastante tempo, mas a cura é certa.