CAPÍTULO 33 – A SAÚDE FALSA E A SAÚDE VERDADEIRA

Como escrevi detalhadamente até agora, a doença é uma ação purificadora, e creio que puderam entender que a medicina veio cometendo o engano de acreditar que parar a ação purificadora era o método de curar a doença. Escreverei melhor a esse respeito agora.

As pessoas em geral parecem saudáveis. De qualquer forma, embora a maioria das pessoas que estão trabalhando possua toxinas, como elas estão muito solidificadas, a ação purificadora não ocorre. Consequentemente, estão numa situação em que não se sabe quando ocorrerá uma repentina purificação. É por esse motivo que sempre há uma insegurança infundada. É como se estivessem carregando uma bomba. Preocupam-se se não vão ficar gripadas se forem  expostas ao frio e, quando surgem doenças transmissíveis, se não serão afetadas por elas. Ficam nervosas pensando se não estão na fase inicial de tuberculose quando começam a tossir um pouco, sentir mal-estar físico e cansaço. Se a barriga dói, ficam com medo de que seja o início de apendicite ou peritonite. Se a gripe se prolonga, preocupam-se se não estão com tuberculose. Se estão com febre alta e ficam ofegantes, imaginam que estão com pneumonia. Se perdem o fôlego ou sentem o coração acelerar, preocupam-se com as doenças do coração; se as pernas lhe parecem pesadas, pensam se não seria beribéri. Sentem os olhos ficarem inchados e inflamados; se as cadeiras estão pesadas, indagam se não estão com problemas nos rins. Se sentem os quadris ou a região inferior da barriga doer e esfriar, ou se têm corrimentos, as mulheres sofrem pensando se não estão com doença do útero. Se a criança não tem ânimo, pensam que é prenúncio de uma grande doença e se preocupam.

Dessa forma, só de escrever por cima, vimos tudo isso. Portanto, imaginamos o quanto os homens da atualidade temem a doença e estão apavorados. Uma vez doentes, é senso comum ir a um médico e tomar remédios. Não posso deixar de ficar admirado ao ver como puderam chegar a acreditar a esse ponto na medicina. Apesar disso, se pensar como eu era antes, não estou na posição de falar dos outros. Certa vez, aconteceu o seguinte fato: creio que foi mais ou menos quando eu tinha 30 anos e fui a uma região de águas termais num lugar bem afastado. Assim que cheguei à hospedaria, perguntei à funcionária:

– Nessas termas existem médicos?

– Sim, há um médico – respondeu.

– É um médico comum ou um cientista?

– Ouvi dizer que se formou este ano.

Ao saber disso, fiquei tranquilo, pensando que poderia ficar sossegado nesse local. Entretanto, mais tarde, sabendo que existiam muitas pessoas iguais a mim, vi que não era tão excepcional. Também aconteceu o seguinte: como ninguém sabe quando irá ficar doente, eu procurava um médico gentil que me atendesse quando fosse chamado, mesmo durante a noite, com um simples telefonema. Achei um médico assim e por isso tratava-o com a maior consideração, até que ficamos como se fôssemos parentes. Ele foi padrinho de meu casamento com minha atual esposa, e isso mostra o quanto eu acreditava na medicina, nessa época.

Consequentemente, entendo muito bem que as pessoas em geral depositem total confiança na medicina. Por esse motivo, não é de se espantar que os homens contemporâneos estejam absortos na superstição da medicina. Entretanto, quando descobri que a medicina, ao invés de curar as doenças, faz justamente o contrário, fiquei assustadíssimo. Porém, uma vez sendo esta a verdade, não há outro meio senão acreditar nela.

Falando francamente, embora a medicina enfraqueça o próprio físico e diminua a vida, pensam que ela é motivo para gratidão e não percebem que estão enganados. Consequentemente, destruir essa superstição deve ser a primeira coisa para se salvar o mundo. Entretanto, é realmente um problema muito grande fazer com que as pessoas entendam isso. Como já disse, estão totalmente dopados pela superstição da medicina e, mesmo que vejam ou ouçam com seus próprios olhos e ouvidos, ou mesmo que elas próprias ou seus familiares se curem de uma grave doença através do Johrei, existem pessoas que não acreditam. A maioria das pessoas está tão dopada pela superstição da medicina que, embora não se curando através dela ou de qualquer outro tratamento médico, e após usar tanto dinheiro, com a doença piorando cada vez mais, chegando a passar perigo de vida e chegando a pensar em suicídio, essas pessoas, mesmo que ouçam sobre o Johrei, não conseguem aceitá-lo. Entretanto, os que já estão nas últimas, mudando o seu pensamento, recebem Johrei, mesmo incrédulos e duvidosos. Poderão entender o estado psicológico dessas pessoas lendo os muitos relatórios que colocarei no final.

Tudo o que escrevi é uma demonstração do quanto o homem contemporâneo teme a doença e o quanto ele acredita na medicina; teme-se a doença porque ela não sara com a medicina, fato este muito frequente. Quando se pega um pequeno resfriado e se tem um pouco mais de febre, pensa-se que é o início de uma grave doença e, por outro lado, acha-se que é um pequeno resfriado e tenta-se eliminá-lo. Mas, no fundo, fica um peso na cabeça, devido à preocupação com o caso de acontecer algo ruim. Todos já experimentaram algo assim. Tudo isso acontece porque não conseguem ter total e absoluta confiança na medicina.

Se a medicina realmente curasse, os resfriados e as dores de cabeça sarariam sem maiores dificuldades, e até as grandes doenças seriam logo diagnosticadas e solucionadas. A confiança na medicina aumentaria se todas as doenças logo tivessem sua causa descoberta, como fazer para curá-las, se se soubesse em que pontos os tratamentos de até então estavam errados e, depois do diagnóstico, como ficaria a pessoa, caso se soubesse claramente se haveria perigo de vida ou não, etc. e se, ao falar tudo isso para os doentes, realmente acontecesse conforme foi dito; qualquer pessoa depositaria nela confiança absoluta e, obviamente, a preocupação pelas doenças não existiria. Se as pessoas entendessem que a doença é uma ação purificadora e que com ela as impurezas do corpo humano são purificadas, deixando-as mais saudáveis, ficariam até contentes. Assim deveria ser a verdadeira medicina.

O problema é ver se esse método de cura das doenças, equivalente a um sonho, existe. Para espanto geral, ele se concretizou através da minha pessoa e, atualmente, está evidenciando grandiosos efeitos. Nós não falamos em doença, chamamos isso de purificação. Não é uma palavra agradável? E, como na realidade ela também é agradável, posso afirmar esse fato.

Escreverei agora sobre a saúde falsa e a saúde verdadeira, conforme diz o título deste texto. A saúde falsa, como já disse, é a condição em que mesmo tendo toxinas solidificadas, ainda não surgiu a purificação. A saúde verdadeira é a condição em que não surgem doenças porque não há nenhuma toxina. Porém, certamente não haverá nenhuma pessoa com saúde verdadeira, e o sistema de higiene e saúde também devem ter surgido por causa dessa insegurança. Conforme o exposto, quase todos os homens contemporâneos são “falso-saudáveis” – a maioria tem algum tipo de doença. Se trabalham um pouco mais que o normal, sentem imediatamente dor de cabeça e endurecimento no pescoço e ombros; se fazem um exercício um pouco mais forte, sentem falta de ar e ficam com um pouco de febre. Pegam resfriados com facilidade e qualquer comida lhes causa intoxicação, ficam com dor de barriga e disenteria. Sempre ficam de cama por determinado número de vezes ao ano, faltam ao serviço e precisam ser internados algumas vezes por ano. Por esse motivo, nunca se sentem seguros quanto à própria saúde, e sempre estão apavorados. Os mais assustados se submetem à cirurgia por qualquer motivo. As mulheres um pouco mais ricas extraem o apêndice, fazem operação de câncer no seio, extraem os ovários e não são poucas as que são iguais a doentes. As pessoas, em geral, até amputam os dedos devido à unheira, extraem um dos rins, cortam o nervo do diafragma devido à asma, abrem o cérebro, amputam pernas e braços e ultimamente a moda é fazer operação de tuberculose. Dessa forma, fazem com a maior normalidade uma coisa terrível. Entretanto, isso não tem jeito, pois a medicina não tem outro meio senão esse, de modo que não existem pessoas tão dignas de pena como os homens da atualidade.

Por conseguinte, apesar de todo esse progresso da cultura, as pessoas não podem ao menos desfrutar de seus benefícios e muitos são os que sofrem acamados. Conforme foi visto, se pudermos fazer com que os falsos saudáveis – que possuem a semente da doença – tornem-se desprovidos de toxinas, e se criarmos verdadeiros homens saudáveis, exerceremos a verdadeira medicina, e isso será uma grande e inédita boa-nova para a humanidade.