O QUE É A DOENÇA

Todos os homens, sem exceção, possuem toxinas hereditárias e adquiridas. Toxinas hereditárias são as herdadas dos pais, e toxinas adquiridas são as dos medicamentos tomados após o nascimento. Talvez achem estranha tal afirmação, pois normalmente se acredita que os medicamentos existem para curar as doenças e restabelecer a saúde.

É crença geral que com a obtenção de melhores remédios se conseguirá a cura da doença, sendo este o principal objetivo dos tratamentos médicos. Todos sabem que especialmente os Estados Unidos têm voltado a sua atenção para esse aspecto, concentrando grandes esforços na descoberta de novos medicamentos. Ora, se os remédios possibilitassem a cura das doenças, estas deveriam diminuir gradualmente; por que, então, ocorre justamente o inverso? Não há contradição maior.

Por natureza, na Terra não existe nada que se possa chamar de remédio. O que há são produtos tóxicos que, justamente por isso, fazem efeito. Com a ação do veneno chamado remédio verifica-se uma diminuição dos sintomas da doença, dando a impressão de que houve cura; não se trata, porém, de cura verdadeira.

Mas por que os remédios são venenos?

Quando criou o homem, Deus criou também os alimentos para a manutenção da sua vida e separou os produtos comestíveis dos não-comestíveis pelo homem. Atribuiu sabor aos comestíveis e, ao homem, o sentido do paladar. Portanto, basta a pessoa comer com satisfação aquilo que desejar, para estar nutrida. Só de atentarmos para esse aspecto, percebemos a perfeição do Criador. Assim, a expressão correta é “o homem vive pela alimentação”, e não o “homem se alimenta para viver”. É o mesmo que acontece com a procriação; apesar do homem e da mulher se unirem por motivos que não são especificamente esse, dessa união resultam filhos, o que constitui um grande mistério.

Em consequência do que acabamos de dizer, as funções orgânicas do homem não estão habilitadas a eliminar de maneira completa as substâncias que não são determinadas como alimentos. Encontram-se neste caso os tóxicos dos medicamentos. O mais grave, no entanto, é que esses tóxicos se concentram em vários pontos do organismo e, com o passar do tempo, acabam se solidificando. Isso se restringe às regiões de atividades nervosas, tal como a parte superior do corpo, principalmente do pescoço para cima, mais especificamente no cérebro, seguido dos olhos, ouvidos, nariz, boca, etc. Antes, porém, as toxinas se solidificam nas proximidades do pescoço, razão pela qual as pessoas sentem nódulos nesse local e nos ombros. Quando elas atingem certo nível, ocorre o processo natural de eliminação, ou seja, a ação purificadora. Nesse caso, as toxinas se dissolvem devido à ação da febre, sendo eliminadas através da tosse, catarro, secreção nasal, diarreia, suor, urina e outros meios. A isso denominamos gripe*. Logo, a gripe é um processo de eliminação de toxinas. Embora seja um pouco penoso, basta a pessoa suportar e deixar a Natureza agir. Com a eliminação das toxinas, o corpo ficará limpo e obter-se-á a cura. A gripe, portanto, é a mais simples ação fisiológica criada pela Divina Providência, e por ela devemos ter gratidão. Ignorando isso, o homem interpreta mal os sofrimentos e as dores da purificação e, para cortá-los, inventou tratamentos médicos; assim, pode-se perceber quão errada está a Medicina.

Quanto maior a vitalidade da pessoa, mais facilmente ocorrerá a ação purificadora. Para impedi-la, basta enfraquecer essa vitalidade. Daí a utilização do veneno denominado remédio. Desde a Antiguidade, ele é extraído de ervas, raízes, cascas de árvores, minerais, vísceras de animais e outras fontes, sendo aplicado sob diversas formas, como chás, pós, medicamentos líquidos, comprimidos, unguentos, injeções, etc. com a finalidade de estacionar a purificação. Aplica-se o veneno em pequenas doses, pois, se as doses forem grandes, coloca-se em risco a vida da pessoa; determina-se, então, a quantidade e número de vezes por dia. É considerado bom remédio aquele cujo veneno é razoavelmente forte, mas não a ponto de causar intoxicação.

Através de medicamentos venenosos, o homem veio solidificando toxinas que estavam se dissolvendo e sendo eliminadas, e aqui podemos imaginar a grande quantidade de toxinas que o homem moderno possui em seu corpo. Desta forma, é fato evidente que ele se tornou uma presa fácil das doenças, preocupando-se tanto com a medicina preventiva e temendo a gripe. Por outro lado, as pessoas estão contentes porque a vida média do ser humano alcançou a casa dos sessenta anos. Grande erro, pois, se conseguir libertar-se das doenças, o homem poderá viver tranquilamente por mais de cem anos. A morte antes dessa idade é antinatural; uma vez livre das doenças, obviamente sua vida irá se prolongar e ele morrerá de morte natural.

Os tratamentos médicos, por conseguinte, não curam as doenças; simplesmente aliviam durante algum tempo seus sintomas. Todos os tratamentos recomendados – repouso absoluto, aplicação de compressas, unguentos, bolsas de gelo, eletricidade, banhos de luz e outros – são métodos para solidificar as toxinas. Entre eles, diferem um pouco os tratamentos por meio de calor e a moxa, mas estes apenas conduzem as toxinas para determinado ponto. Através do estímulo do calor consegue-se alívio, mas, com o passar do tempo, elas voltam à sua posição original, não tendo nenhuma validade. Como se pode perceber, os métodos utilizados até hoje são todos, do início ao fim, de solidificação das toxinas. Portanto, o único método que promove a verdadeira cura das doenças é aquele que dissolve e elimina as toxinas.

Salvar a América – 1º de janeiro de 1953

*Refere-se ao resfriado comum e epidemia de gripe. Não se trata de doenças que se iniciam com sintomas de gripe como hepatite aguda, poliomielite e gripes nocivas que podem se agravar transformando-se em pneumonia e outras doenças.