RELIGIÃO E POLÍTICA

Apesar de haver uma estreita relação entre Religião e Política, é estranho que isso não tenha despertado muito interesse. Na realidade, até o término da Segunda Guerra Mundial, a Política, longe de apreciar a participação da Religião, vivia oprimindo-a. Desde a Antiguidade este fenômeno se fez notar em vários lugares, registrando-se não poucos casos da quase extinção de religiões devido à violência das perseguições. No entanto, por mais que a Religião tente realizar o seu objetivo, que é a construção de um Mundo Ideal, para incrementar a felicidade do homem, torna-se evidente que ela jamais atingirá essa meta se a Política não for justa. Sendo assim, uma Política escrupulosa requer políticos íntegros e, para preencherem essa condição, eles devem ser dotados de religiosidade.

No Japão – desconheço a situação no estrangeiro -, um erro no qual os políticos têm inclinação para incorrer é a corrupção. Pode-se dizer que isso acontece porque eles são escravos do materialismo, cuja origem está na falta de religiosidade. É desejável o aparecimento de políticos dotados de espírito religioso, pois só assim poderemos alimentar esperanças quanto ao futuro, aguardando o bom desenrolar dos destinos da Nação. No que se refere à construção de um novo Japão, é necessário, sobretudo, incutir espírito religioso nos políticos, para que seja realizada uma Política arraigada no senso religioso.

Atualmente o povo vive criticando, e com razão, a degeneração da Política, as fraudes eleitorais, a prevaricação dos funcionários públicos, a degradação dos educadores, etc. Os próprios políticos, os órgãos competentes e o povo empenham-se com unhas e dentes na solução purificadora dos problemas dessa lamacenta sociedade. Infelizmente, na prevenção do crime, conta-se apenas com a força da Lei, mas esta não atinge o âmago da questão, pois a causa dos crimes está no interior do homem, ou seja, na sua alma. Purificar a alma é o método verdadeiramente eficaz. Estou convicto de que isso só poderá ser conseguido através de uma Fé verdadeira.

5 de setembro de 1948