EXEMPLAR DO PRIMEIRO NÚMERO DO JORNAL HIKARI, ATINGIDO PELO GRANDE INCÊNDIO DE ATAMI, QUE, CONTUDO, NÃO QUEIMOU A FOTO DO MESTRE JINSAI

Dois meses depois que a Igreja, sob o novo sistema, iniciou a Obra Divina de salvação do mundo com um vigor igual ao do nascer do Sol, Atami sofreu dois grandes incêndios. O primeiro ocorreu na tarde do dia 3 de abril, no cenho comercial de Nakamisse, perto da estação, atingindo noventa e quatro casas. Dez dias depois, aconteceu um incêndio como nunca se tinha visto antes: o fogo, surgido pouco depois das dezessete horas numa empresa construtora situada no aterro perto do mar, começou a se propagar com o forte vento que soprava, e logo as ruas do centro foram engolidas pelas chamas.

Naquele dia, havia um grande número de dedicantes trabalhando nas obras de construção do Solo Sagrado de Atami, junto com os profissionais. Na época, o terreno onde se ergue o atual Templo Messiânico, os muros de pedra ao redor, o terreno do Palácio de Cristal e outros aspectos básicos na Terra Celestial delineavam as suas formas. Dali, a duzentos metros acima do nível do mar, as labaredas, que começaram em determinado ponto da cidade, podiam ser vistas bem em frente, dando a impressão de que era possível alcançá-las com as mãos. Quando as sirenes começaram a tocar persistentemente e o incêndio parecia se agravar, os dedicantes, preocupados com a Sede Provisória, situada relativamente perto do ponto onde irrompera o fogo, desceram a montanha. No momento em que eles chegaram lá, as faíscas caíam como chuva e pareceu-lhes que era questão de tempo a Sede pegar fogo. A Imagem de Deus já havia sido levada para um local seguro, juntamente com os quadros de caligrafia de Meishu-Sama.

Foi mais ou menos nessa hora que o Mestre Jinsai chegou, na companhia de Yoshi, vindo do Hekiun-So, situado no bairro de Minaguti. Depois de dirigir palavras de agradecimento àqueles que apressadamente carregavam os objetos, ficou em silêncio, ministrando Johrei na direção do fogo.

Logo em seguida as chamas atingiram a porta da frente, que caiu em poucos instantes. O transporte dos objetos ainda continuou, e às pessoas que estavam desocupadas, foram distribuídos baldes, bacias, panelas etc., a fim de transportarem água para os lugares que pareciam estar em perigo. Ela era jogada ininterruptamente, no telhado e nas paredes; entretanto, com a intensidade do fogo, logo secava. Assim que isso acontecia, jogava-se mais água.

Os avisos sobre a situação da Sede Provisória chegavam sucessivamente ao Mestre Jinsai, que havia retornado ao Hekiun-So: “Pegou fogo!” “Está queimando!” etc. Mas o Mestre Jinsai, sem demonstrar o mínimo abalo, dizia, cheio de convicção: “Não, ela não vai pegar fogo não.” Pouco antes, quando o incêndio atingiu a Rua Guinza, ele orientara: “Os bairros de Shimizu e Assahi também correm perigo. Por isso, avise a todos e mande que se preparem para a evacuação.” Ao mesmo tempo, talvez convicto da absoluta proteção de Deus, disse também: “Pelo menos a Sede Provisória será poupada.”

O incêndio se alastrou de Guinza para Assahi e, em seguida, para Shimizu, mas a Sede Provisória, que todos pensavam não escapar, continuou de pé, em meio de escombros. E o milagre não foi só esse. Na manhã seguinte, arrumando o local onde estava sediada a redação do jornal Hikari, os dedicantes descobriram, entre as cinzas e restos de objetos destruídos pelo fogo, alguns jornais semiqueimados. Eram exemplares do primeiro número daquele periódico e do número 53 do jornal Kyussei, nome para o qual ele fora mudado. Todos ficaram surpreendidos por eles terem sido poupados no meio do fogaréu, e essa surpresa logo se transformou num sentimento de respeito, pois, na primeira página do primeiro número do jornal Hikari, havia sido publicada uma foto de Meishu-Sama ocupando a metade da folha, e o fogo, como que se desviando da foto, queimara apenas as bordas, em formato semicircular. No número 53 do jornal Kyussei, também na primeira página, havia sido publicada a figura de Oomiroku, desenhada pelo Mestre Jinsai. As pessoas que estavam realizando aquele trabalho descansaram as mãos e, reunidas em volta dos jornais, choraram de emoção.

Esse milagre ocorrido durante o grande incêndio de Atami foi pomposamente noticiado no jornal Kyussei, ampliando o redemoinho de emoção religiosa e dando coragem e esperança aos fiéis de todo o país, os quais tendiam a ser malvistos, como integrantes de uma religião nova.