O PATHOS E O SABI NAS ARTES

Pergunta: Até agora uma grande parte da obra dos grandes compositores da música ocidental tem sido o pathos (paixão), e esse aspecto certamente comove as pessoas, mas como o pathos desaparecerá no Paraíso Terrestre, isso significa que as artes também se tornarão alegres e brilhantes?

Meishu-Sama: Sim, isso mesmo. Sejam roteiros, livretos ou peças de teatro e cinema, o entretenimento não será marcado pela ostentação, mas pelo brilho e alegria. A tragédia retrata o inferno, e como todos nós caímos no inferno, a arte procura confortar aqueles que estão na mesma condição. Até agora, os japoneses viveram suas vidas de maneira feudal, por isso gostam de histórias em que as pessoas são oprimidas. Essa tendência está particularmente presente na literatura russa e ilustra bem seu caráter nacional. Os americanos são os mais brilhantes e alegres. O ritmo de uma vida sem esperança na era dos czares está bem representado em “A Canção dos Barqueiros do Volga”. A maior parte de Beethoven é pathos. Diz-se que ele produziu suas maiores obras-primas depois que ficou surdo e isso é bem verdade. Eu mesmo prefiro o tipo americano.

Pergunta: E quanto ao conceito de sabi?

Meishu-Sama:  Sabi difere de pathos. Sabi é um conceito exclusivo para os japoneses. Só os japoneses apreciam o veio da madeira usada na construção de uma casa. Na China e no Ocidente, a madeira é tradicionalmente pintada. Mas na América hoje, há uma parte daqueles que estão começando a entender e apreciar o sabi. Sabi é um conceito que deriva da Cerimônia do Chá.

08 de dezembro de 1948

Publicado em Registros de Conversas Iluminadas, Vol. 2, de 08 de janeiro de 1949

Traduzido pela Equipe Jinsai

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