015 – A ATUAÇÃO, O NOME E O SONEN DA DIVINDADE (UBUSUNAGAMI DO INARI); A SUBLIMIDADE DA NOSSA IGREJA

Pergunta: Tratando-se de um ujigami[1], como, por exemplo, um Inari-Myojin[2] ou um Tenjin[3], devemos prestar-lhes cultos? Também são eles capazes de proporcionar graças como sendo um Ubusunagami[4]?

Meishu-Sama: Tanto o Inari como o Tenjin, desde que tenham se tornado Ubusunagami, assumem esse status e atuação. Por esse motivo, podemos pensar como sendo semelhantes. Melhor não classificá-los pelo homem, tratando-os como Ubusunagami.

Mesmo entre os Inari, existem aqueles que são magníficos.

Também entre as divindades e os budas, o nome é extremamente importante.

A verdadeira natureza de Kanzeon e seus maravilhosos atos é algo que nem mesmo as divindades do Sol, da Lua e da Terra são capazes de realizar .

Mesmo com relação aos seres humanos, quando alguém se tornar diretor de uma empresa, realiza somente os afazeres que lhe competem.

A atuação das divindades e dos budas varia conforme o seu nome. Por conseguinte, é possível compreender isso pela interpretação do nome. Se o ser humano pensar que trata-se de um demônio, proclamando-o assim, realizar-se-á a atuação de um demônio. Ao tratar algo como sendo um buda, passará a ter essa atuação. No entanto, conforme param de oferecer-lhe cultos, sua força enfraquece gradativamente, voltando ao estado original.

Mesmo tratando-se de Kannon, se o ser humano não O venerar, Sua força enfraquece e Sua atuação diminui.

É diferente quando todos O cultuam juntos.

Mesmo com relação ao amuleto (nome dado ao Ohikari naquela época), se o tratarmos de qualquer jeito, a luz enfraquece. Conforme o sonen dos seres humanos, tudo muda.

Quem enriquece rapidamente sofre com o sonen invejoso de muitas pessoas, o que se transforma em algo demoníaco, algo obscuro, que objetiva derrubar tal pessoa. Se essa pessoa não tiver virtudes, ou se não estiver acumulando atos virtuosos, acaba decaindo. Caso esteja realizando contribuições de caráter social, acumulando virtudes, o sentimento de gratidão tornar-se-á luz e assumirá os aspectos de uma divindade ou buda para auxiliá-la e fazer com que ela se mantenha segura.

Todavia, pessoas como estas geralmente cometem crimes um após o outro e, portanto, não terão um bom destino. Pessoas de classes mais beneficiadas cometem muitos erros, não realizam atos virtuosos e são envoltas por nuvens espirituais, o que faz com que tenham que decair um dia. A Mitsubishi Heavy Industries[5], enquanto esteve em alta, chegou a ter mais de 200 mil operários. Contudo, ela entrou em decadência devido ao rancor que eles sentiam pela empresa. O mesmo ocorreu com a Mitsui[6] e a Iwasaki[7].

Quando o Imperador Meiji (1854-1912) se retirou, (eu também[8]) orei em frente à Nijyubashi[9]. Todo o Japão orou por ele. Apesar da maioria dos japoneses terem orado, ele acabou falecendo. O rancor de chineses e coreanos, que sofreram atos de brutalidades durante a Guerra Sino-Japonesa (1894-1895)[10] e a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905)[11], atingiu o imperador, que é o centro do Japão. Muitas pessoas sentem rancor há décadas. Não foi possível fazer nada porque o rancor era superior ao número de pessoas e o tempo destinado para oração. Também há um grandioso rancor pela colonização da península coreana pelos japoneses. Isso chegou até mesmo ao Imperador Taisho (1879-1926). Penso que o que fez com que seu cérebro ficasse ruim, ao ponto de não conseguir mais desenvolver os afazeres como imperador, foi o rancor que perdurou por anos.

O Japão não melhorará se não houver algo que diminua seus crimes. Eis o porquê ele perdeu a guerra e teve que devolver os territórios que invadiu, como a península coreana, a Ilha Formosa, a Ilha Sacalina entre outros. Não se sabe quantos crimes foram cometidos. Mas muitos foram recompensados com isso.

Deus é imparcial com qualquer país, mas severo com relação ao País Divino (referência ao Japão), sendo Ele também com relação àqueles que possuem alma sublime.

É algo semelhante ao peso maior para pecados cometidos ciente do que se trata. Se o Japão é o País Divino, trata-se de algo horrível. Como todos esperavam, soprou o “vento divino”[12].

O ser humano tem a tendência de interpretar à sua conveniência. Oraram para que soprasse o “vento divino”, mas isso é o mesmo que roubar e orar para não ser preso.

O provérbio “Até mesmo a cabeça de uma sardinha pode ser alvo da crença”[13] é um equívoco. A cabeça de uma sardinha é uma cabeça de sardinha e nada mais.

A fé da nossa Igreja faz a pessoa compreender muito bem que se deve evoluir e que não se deve perder para qualquer outra pessoa ou lógica. Exemplificando pelo formato de uma pirâmide, até hoje só se compreendia a existência da parte inferior. A explicação sobre inteligência da percepção, feita por Sakyamuni, compreende a parte superior a essa.

Até hoje, por tratar-se do Mundo da Noite, não se sabia além disso. A partir de agora, compreender-se-ão os mistérios do mundo, seus segredos e enigmas.

Sem data

Traduzido pela Equipe Jinsai

[1] Ujigami: No Xintoísmo, é o nome dado a divindade a quem é dedicada uma localidade. Assemelha-se ao orago, patrono ou padroeiro na cultura Cristã.

[2] Inari-Myojin: Inari é considerada a divindade xintoísta da fertilidade, do arroz, da agricultura, da indústria e do êxito em geral. Myojin é uma expressão utilizada no xintoísmo para expressar o nível ou classe de determinada divindade, como espíritos da natureza, protetores ancestrais e divindades relacionadas à essa Religião.

[3] Tenjin: No Japão, são consideradas tenjin as divindades que surgiram a partir dos ancestrais da família imperial ou de famílias influentes num passado distante.

[4] Ubusunagami: Divindade que, no Xintoísmo, é considerada como sendo a que se encarrega de proteger uma determinada localidade e todas as pessoas que nascem nela, desde o nascimento até a morte, mesmo que ela se mude para outro lugar.

[5] Mitsubishi Heavy Industries: Empresa do Grupo Mitsubishi que produz navios, trens, empilhadeiras e peças aeroespaciais.

[6] Mitsui: O grupo possui empresas em vários ramos como energia, maquinaria, químicas, alimentação, têxtil, logística, finanças etc.

[7] Iwasaki: Empresa famosa no ramo de produção de lâmpadas, que revolucionou a iluminação das ruas no Japão pós-guerra.

[8] N.T.: Por se tratar de uma anotação, não é possível identificar que orou e quantas pessoas estavam presentes.

[9] Nijyubashi: Uma das pontes de acesso ao castelo imperial em Tokyo. A outra recebe o nome de Meganebashi.

[10] N.T.: Guerra entre Japão e China pela disputa de território na península sul-coreana.

[11] N.T.: Guerra entre Japão e Rússia que ocorreu na região da Manchúria (vasta região que atualmente equivale ao extremo nordeste da China).

[12] N.T.: Referência as duas ventanias ou tempestades que acredita-se terem salvado o Japão das tentativas de invasão por duas frotas mongóis em 1274 e, novamente, em 1281. Dada a disseminação do zen budismo entre os samurais daquele tempo, estes foram os primeiros eventos nos quais tufões foram descritos como "vento divino", tanto pelo momento conveniente em que surgiram quanto pela sua força.

[13] N.T.: Provérbio japonês comummente usado para expressar a ideia de que coisas insignificantes, como a cabeça de uma sardinha, podem ser alvo da adoração dos seres humanos, levando-os a acreditar que receberão milagres com essa crença.

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