CAPÍTULO 31 – OS DIVERSOS ASPECTOS DOS TÓXICOS DOS REMÉDIOS

Creio que puderam compreender que todas as causas da doença estão nos tóxicos dos remédios, mas, em se tratando deles, existem diversos tipos; por isso, os sintomas causados por eles são inúmeros. Escreverei detalhadamente a respeito.

Em primeiro lugar, falarei sobre os remédios ocidentais. Eles são vários: de via oral, injeções, desinfetantes, linimentos endérmicos, etc. Falarei primeiro sobre os de via oral, que são os mais usados desde os tempos antigos, e sua variedade também é enorme, incontável. Se pensarmos bem, veremos que isto é engraçado, pois toda e qualquer doença tem uma única causa, e de acordo com o local em que ela aparece, recebe diversos nomes. Na verdade, se o remédio fosse eficaz, um só bastaria. Entretanto, eles são tão numerosos porque não há um que faça verdadeiro efeito. O remédio via oral, sendo muito forte, deixa a boca áspera ou intoxicada. Por isso, embora se fale que eles agora são mais fracos, se for preciso tomá-los várias vezes por dia durante dezenas ou centenas de vezes, por menos que seja a porcentagem tóxica, no total dá uma grande soma. É engraçado que os sofrimentos causados pelos remédios ocidentais são: dores agudas, coceiras, febre, paralisia, etc, todas elas bastante intensas, enquanto que no caso dos remédios chineses, a dor é amena, de pouca duração, de febre baixa, sendo mais leve.

O rícino para a diarreia, o remédio para prisão de ventre e os outros tipos de novos remédios, de fato, momentaneamente surtem efeito, mas, no final das contas, piora. Os laxantes enfraquecem a função de eliminar as fezes e, por isso, fica-se com maior prisão de ventre. Por isso, seu uso contínuo pode provocar prisão de ventre crônica. Além disso, uma vez que os tóxicos desses remédios vão se acumulando, mesmo que aos poucos, transformam-se na causa de outra doença. As doenças nesses casos são, em sua maioria, dos rins. Outra coisa: fala-se para tomar laxantes para desintoxicar os intestinos, mas isso também é uma verdadeira tolice, pois a limpeza é feita de modo adequado pelo próprio intestino. Por isso, não há nada o que retrucar, já que, fazendo coisas desnecessárias, estamos, na verdade, atrapalhando. Nem é preciso dizer que, quando se acumulam impurezas e coisas desnecessárias, os intestinos as transformam em diarreia e fazem com que sejam expelidas. No caso de diarreia infantil também, pela minha longa experiência, os resultados são melhores quando não se faz com que as crianças tomem rícino.

Gostaria de advertir também sobre a lavagem intestinal; ela, como o laxante, também é muito ruim, pois faz com que a atividade do intestino se atrofie. Pensem bem: quando as impurezas chamadas fezes se acumulam, elas saem naturalmente pelo ânus. Assim está feito. Entretanto, que atitude antinatural é tirá-las, puxando-as de fora! Nem é preciso pensar melhor para ver que isso não é bom. Muitas vezes se faz lavagem intestinal como meio para se abaixar a febre; fazem isso porque ignoram que a febre não tem nada a ver com as fezes.

Já cuidei de um doente com esse problema. Era um menino de três anos e sua barriga parecia um tambor. Perguntei o que acontecera e fiquei sabendo que, desde pouco tempo depois que ele nasceu, vinha sendo submetido à lavagem intestinal, e isso foi se tornando um hábito, de modo que, sem ela, as fezes não saíam. Mesmo sabendo que isso era prejudicial, tiveram que continuar a fazê-lo, pois a criança sofria demais. Eu fiquei abismado com a ignorância da medicina.

Outra coisa: a medicina fala que, quando se tem prisão de ventre, ocorre uma auto-intoxicação, mas isso também não faz nenhum sentido. Com certeza a medicina pensa que, quando as fezes se acumulam, seu tóxico percorre o corpo, mas isso é realmente engraçado. Por mais que as fezes se acumulem, elas não passam para fora do intestino. Quanto mais elas se acumulam, vão ficando cada vez mais duras; por isso, por mais que se acumulem, não há nenhum outro prejuízo para a saúde. Pela minha experiência, posso dizer que existem várias pessoas que não evacuam durante um ou dois meses e, nos piores casos, por meio ano, e nada sentem de anormal. Há algum tempo, li numa revista feminina que havia uma pessoa que não evacuava há dois anos, mas que nada sentia de anormal. Por tudo isso, não há motivos para a preocupação com a prisão de ventre.

Já falei a respeito dos remédios para gripe, tuberculose, estômago, intestino, etc. Além desses, existem calmantes para o cérebro, colírio, remédios para gripe, para tosse, para dor, etc, e todos os remédios podem se tornar a causa do aumento e agravamento da doença, mas nenhum é capaz de curá-la. Darei diversos exemplos a esse respeito.

Em primeiro lugar, vejamos os remédios para dores de cabeça: por um momento, eles se mostram eficazes, mas, no final, tornam-se hábito e, sem que se perceba, essa toxina se acumula e se transforma em diversas doenças. O colírio é o mais impróprio, pois, como chega a solidificar o terçol, fica mais difícil ainda de sarar. As pessoas não sabem, mas o colírio também é causa do tracoma. Por isso, requer muito cuidado. Isto também depende do colírio, mas, na verdade, os tóxicos dos remédios penetram na mucosa das pálpebras e, com o passar do tempo, começam a sair sob a forma de terçol (erupções). Há pessoas que, embora não estejam chorando, estão sempre com lágrimas escorrendo; isso ocorre porque, com o passar do tempo, o colírio se transformou em lágrimas. Por isso, quanto mais sair, mais rápido sarar-se-á, naturalmente. Entretanto, a medicina fala que isso se deve a algum distúrbio das glândulas lacrimais. É um engano terrível. A secreção ocular é a toxina expelida da parte frontal da cabeça ou do fundo dos olhos, de modo que é uma coisa muito boa. Qualquer doença dos olhos não deixará de sarar quando começar a sair secreção ocular.

Vejamos agora os remédios para o nariz. Dentre eles, o mais temível é a intoxicação pela cocaína. Existem muitas pessoas viciadas em cocaína. Como é uma sensação agradável no momento em que se aspira, não se consegue mais parar. A longo prazo, ela prejudica o cérebro e não são poucas as pessoas que morrem jovens por esse motivo, especialmente na classe dos artistas.

A seguir, vejamos os remédios para gargarejo. Esse tóxico é extremamente raro, mas, quando utilizado com frequência, penetra na mucosa da boca e, na hora de ser expelido como toxina, irrita a mucosa, provoca catarro, a língua fica áspera, surgem pequenas feridas e, por isso, é melhor evitá-los. São prejudiciais principalmente aos artistas que usam a garganta. O mesmo se pode dizer de todos os remédios líquidos. Com o passar do tempo, o tóxico que penetrou na mucosa provoca as mesmas coisas citadas acima e, por ser um remédio forte, é maligno. Outra coisa inesperada é que essa é também a causa do câncer na língua. Entretanto, como a medicina tenta curá-la através de remédios, só aumenta a doença. Os cremes dentais que contêm remédios também são terríveis para enfraquecer os dentes.

Os linimentos endérmicos também não são de se brincar. Muitas vezes, o tóxico dos linimentos endérmicos penetra pela pele e se transforma na causa de diversos tipos de doença. Tempos atrás, havia um doente assim. No início, surgiram eczemas numa parte de seu corpo. O médico, considerando-os de caráter maligno, passou um forte linimento endérmico. O eczema foi se espalhando cada vez mais e, em dois ou três dias, atingiu o corpo inteiro. Até então, ele estava em tratamento num hospital muito conceituado, mas, como lhe disseram que não havia mais esperanças, ele me procurou. O que me deixou espantado, só de vê-lo de relance, é que todo o seu corpo, sem uma brecha sequer, estava arroxeado e, em alguns lugares, o eczema estava rachado, e daí escorria líquido. Ao invés de coceira, a dor para fazer a coceira parar era maior e ele não conseguia sequer dormir direito. Eu também vi que realmente não havia mais esperanças e recusei-me a cuidar de seu caso. Ouvi dizer que um ou dois meses depois ele veio a falecer.

Houve também outro caso engraçado. O doente tinha muito enrijecimento nos ombros e nas costas. Por isso, constantemente colocava um emplastro famoso. Depois de muitos anos dessa prática, ficaram vestígios desse emplastro incutido por toda a região das costas, como um desenho geométrico e, por mais que se lavasse, ele não saía. Isso aconteceu porque o tóxico do remédio do emplastro penetrou na pele, como que tingindo-a. Além do mais, como ele tinha dores fortes e constantes, eu tive grande trabalho. Vi que era um tóxico muito forte, pois ele melhorou mais ou menos em um ano. Geralmente, pensa-se que é um simples emplastro, mas, com isso, fiquei sabendo que ele também não é de se brincar.

Ainda há outra coisa que as pessoas não fazem a mínima ideia; é sobre o tão conhecido Jintan. O tóxico dele também é muito forte e fiquei sabendo, através de inúmeros casos de pessoas que usavam-no com frequência, que seus órgãos de purificação enfraqueciam, a cor de sua face não era boa e facilmente ficavam doentes. Esse é um tipo leve dentre as intoxicações que têm se tornado problema nesses dias.

Escreverei agora sobre um dos campeões dos tóxicos de remédios. É o Salvarsan. Sua matéria-prima é o arsênico, e ele é um tóxico trágico, mortal em dose mínima. Por isso, ele tem forte poder de parar a purificação, sendo muito eficaz para combater erupções de sífilis. Naturalmente, essa erupção surge na pele devido à purificação; quando se injeta o Salvarsan, o sintoma se contrai para o interior, e por um momento a pele fica limpa, mas não definitivamente. É o mesmo que diz a medicina: o Salvarsan é de efeito momentâneo, e por isso deve ser usado juntamente com os outros métodos de tratamento que já estavam sendo utilizados para esse fim. Fiz uma grande descoberta a esse respeito: o tóxico do Salvarsan sobe facilmente para o cérebro e, muitas vezes, causa doenças mentais. Quando isso acontece, o laudo médico diz que a sífilis foi para a cabeça; mas que ignorância! Na verdade, foi o Salvarsan que prejudicou o cérebro. Os especialistas que, cientes dessa teoria, pesquisarem o fato suficientemente, poderão entendê-la.

A seguir, falarei dos enganos sobre todos os tipos de injeções. Elas também são freios de purificação e seus efeitos também são por algumas horas; se não provocarem efeitos colaterais, está ótimo. Entretanto, como os restos desse tóxico se transformam em causa de outras doenças, é muito problemático. Ultimamente tem-se realizado com grande afinco vacinações preventivas para as doenças transmissíveis, mas infelizmente a sua causa fundamental é completamente desconhecida. Não há nem meios para sua cura. Por isso, é difícil se conseguir os resultados esperados. Entretanto, pelo método do nosso Johrei, a sífilis e as doenças transmissíveis saram de forma muito fácil. Quando isso for conhecido por todas as pessoas, não haverá necessidade alguma das vacinas preventivas, o que será uma grande salvação.

Escreverei agora sobre os danos causados pela vacina preventiva. A má influência do tóxico da vacina preventiva aparece mais claramente no fato de aparecer uma pequena ferida na parte abaixo do joelho. Se a deixarmos ao natural, inchará até certo ponto, até que surja um orifício por onde sairá a vacina, em forma de pus. Entretanto, ignorando esse fato, a medicina utiliza linimentos endérmicos, abre a ferida, e isso faz com que ela seja prolongada. Dependendo da vacina, ela se torna a causa de unheiras dos pés ou das mãos e, às vezes, chega-se a amputar os dedos. Além disso, os que não têm muita sorte podem muitas vezes perder a vida por causa disso.

Há algum tempo, cuidei de uma pessoa assim. Era uma senhora de mais ou menos quarenta anos; o tóxico da vacina havia descido para o tornozelo e se transformou em ferida. O tratamento médico foi cortar a ferida e ela nunca melhorava. Foi piorando cada vez mais, e a dor também era intensa e estava se espalhando.  O médico dissera que não havia outro jeito senão amputar entre o tornozelo e o joelho e a pessoa, indecisa, veio a mim. A ferida piorou a esse ponto justamente por causa dos desinfetantes utilizados após o corte da ferida.

Explicarei agora sobre os desinfetantes, um dos mais temíveis tóxicos dos remédios. Originalmente, os desinfetantes têm um grande poder de exterminar micróbios e, por isso, é fácil causar intoxicação; no caso da cirurgia, como eles penetram diretamente no músculo, a sua influência é maior ainda. Isso se transforma em diversas causas de doenças e, por isso, gostaria que os médicos comparassem essa teoria à realidade. Como exemplo disso tenho algo que ainda me resta na memória. Fui chamado à casa de uma menina de oito a nove anos, com uma doença muito rara. Só de vê-la, me assustei. Ela tinha um buraco do tamanho de um ovo de galinha, no lado direito do rosto, começando nos lábios; enxergava-se até a sua gengiva. Naturalmente, mesmo que ela comesse, a comida saía toda para fora, de modo que ela estava vivendo apenas com o leite que faziam escorrer aos poucos. Ao perguntar a causa do buraco, fiquei duplamente assustado. Isto porque disseram que no início havia aparecido um sebinho, do tamanho de um feijão e, ao consultarem o médico, ele disse que, como aquilo era mioma de caráter maligno, era preciso queimá-lo com um remédio bem forte. Ao proceder a tal tratamento, em uma semana a ferida cessou. Pelo que vi, não era um desinfetante, mas um remédio bem forte. Como nada podia fazer, recusei-me a cuidar da menina e fui embora. Ouvi dizer que um mês depois ela faleceu. É uma coisa que nos faz refletir muito.

Entre as injeções ou desinfetantes, existem os do tipo leve e os do tipo pesado. Os pesados descem e os mais pesados incham entre a parte inferior do joelho e a sola do pé e endurecem. Quando isso acontece, a sola do pé dói tanto que não dá nem para pisar. Dependendo do remédio, ele desce e se acumula na parte inferior do joelho; como o local fica entorpecido, o sintoma é facilmente confundido com beribéri. A causa da nevralgia, do reumatismo, etc, é o tóxico do remédio. Por isso, quero, antes de mais nada, conscientizar os especialistas do terror dos tóxicos dos remédios. O benefício que esse único fato traz à humanidade é incalculável.