Ao abordar a questão do que é religião, não deveria ser necessário descrevê-la como a explicação de teorias religiosas difíceis ou como filosofia religiosa. Em última análise, a religião é a formação do verdadeiro ser humano. Não há nada mais na religião do que este único fato. No entanto, dizer isso é extremamente fácil, mas em termos práticos, o que parece tão fácil é extremamente difícil. Nos Analectos de Confúcio estão as palavras: “Dizer é fácil; fazer, difícil”, e esta afirmação é apropriada. Escrevo sobre por que a prática de se tornar um verdadeiro ser humano é tão difícil.
No caso de qualquer ser humano, ser bom não é suficiente para satisfazer aspirações de ser grande, de ganhar muito dinheiro ou de progredir no mundo. As circunstâncias reais são que as pessoas pensam que é simplesmente inevitável que até certo ponto elas tenham que se associar com o mal. Além disso, é fato que, seja nos passatempos ou nas descontrações, o que é ruim é mais interessante do que o bom. Essa maneira de pensar continuou por centenas e milhares de anos, por isso ceder ao mal tornou-se o senso comum para alcançar o sucesso no mundo. Desde a Antiguidade, esforços extenuantes foram feitos em campos como o direito e a educação moral, mas os resultados foram visivelmente escassos. Nesse ponto, agora deve ser óbvio que não há outro recurso senão através da religião. Mas mesmo assim, se o mal é conquistado ou não, ou até que ponto, depende muito das diferenças de força entre as religiões. As religiões que carecem de poder serão inevitavelmente derrotadas pelo mal. É por isso que mesmo os seguidores de algumas religiões não conseguem prevalecer sobre a transgressão. Seja qual for a religião, o fato é que poucos são os seguidores que podem verdadeiramente vencer o mal.
Quando pensamos nessa situação, a conclusão é que deve surgir uma religião com o poder, a força para enfrentar o mal. Só assim pode nascer uma sociedade do bem, um mundo afortunado e pacífico. É isso que queremos dizer quando declaramos que a fé é igual à justiça.
Jornal Kyūsei, edição 65, página 1 - 03 de junho de 1950
Traduzido pela Equipe Jinsai