Na língua corriqueira, usamos a palavra satori, mas ela pode ser escrita de duas maneiras diferentes com os ideogramas chineses. Uma maneira é escrever satori com o ideograma que significa “percepção”, e a outra é usar o ideograma para “aprender”. Esses dois tipos de satori diferem muito, na verdade eles são opostos.

Podemos dizer que a “percepção” é passiva e a “aprendizagem” é ativa. Os ensinamentos budistas referem-se a várias formas de satori de “aprendizagem”, como “aprendizagem de grau”, “aprendizagem verdadeira” e “aprendizagem original”, mas não representam necessariamente a realidade. O mais prevalente no budismo parece ser o satori de “percepção”. Isso ocorre porque o budismo fala de “este mundo de resistência”, “não gostar e procurar deixar este mundo corrompido”, que este mundo é uma “casa em chamas”, e afirma que os seres humanos não podem escapar dos quatro sofrimentos, que são o nascimento, a velhice, a doença e a morte. Essas afirmações não estão erradas, mas apesar do fato de que deve ser o papel da religião trabalhar positivamente para eliminar o sofrimento, transformar este mundo e criar um mundo paradisíaco, o budismo diz que os sofrimentos deste mundo devem ser suportados, que não há nada a fazer além de resignar-se. O satori de “percepção” é realmente passivo e regressivo, mas isso se tornou a essência do budismo.

A causa do declínio da nação indiana, mais do que qualquer outra coisa, provavelmente está na influência dessa filosofia. Outra manifestação dessa influência é a situação perigosa que o budismo no Japão se encontra hoje. Do nosso ponto de vista, no entanto, o que durou e sobreviveu até agora representa a Era da Noite, e agora chegou a hora da Transição para a Era da Luz do Dia, onde os indivíduos não serão salvos a menos que tenham alcançado o estado em que despertam o quanto antes para atingir o nível de aprendizado, conhecimento, ou seja, autoconhecimento.

Revista Tijyo Tengoku, Vol. 8, pag. 12 – 25 de setembro de 1949

Traduzido pela Equipe Jinsai