CAPÍTULO IV

Pelo seu exemplo, Meishu Sama ensinou a alegria de viver e obediência à vontade de Deus. Tinha uma filosofia de vida pela qual se interessava por tudo e por todos.

Costumava dizer: “Quando me acontece uma coisa má, penso logo que é prenúncio de alguma coisa boa. Procuro enfrentar a dificuldade e faço tudo o que esteja a meu alcance. Quando não consigo vencer, entrego meu caso nas mãos de Deus. E sempre me acontece que as coisas se resolvem muito melhor do que eu poderia esperar. Sinto a presença de Deus em minha vida.

Quando Meishu Sama saía da loja, às três ou quatro horas da tarde, tinha por hábito telefonar à esposa para que esta viesse encontrá-lo. Iam juntos ao teatro ou ao cinema. Yoshi ficava bastante constrangida, pois os japoneses não costumam sair com a esposa. O casal chamava a atenção, porém Mokiti não dava a menor importância à opinião alheia.

Ele gostava muito de filmes de "far-west" com bangue-bangue e correrias. A esposa também gostava, mas logo se esquecia do enredo. Meishu Sama não esquecia. Lembrava-se bem do enredo, do nome dos atores e até dos diretores de cena.

Entretanto, de vez em quando, durante o filme, dava uns cochilos. Estes cochilos, não se sabe como, não atrapalhavam nada. Alguma parte de seu cérebro extraordinário devia estar alerta enquanto ele dormitava. Lembrava-se de tudo! No caso do filme ser interessante, Meishu Sama ficava atento e concentrado, observando e registrando tudo para tirar ideias novas, aplicáveis a seu ramo de negócios.

Ele também apreciava os espetáculos cômicos, típicos do Japão. Ria-se com gosto, a ponto de as lágrimas rolarem pelo rosto. Não gostava muito do teatro Kabuki porque as peças duravam muito tempo e havia falta de bons atores.

Sabia apreciar a música ocidental. Gostava particularmente do “Messias” de Handel, da “Carmem” de Bizet, da “Aida” de Verdi, de “Guilherme Tell” de Rossini, das valsas de Strauss, como “Danúbio Azul”, por exemplo. Yoshi muitas vezes viu o marido marcar o compasso de marchas com as mãos e com os pés.

Quando uma companhia de ópera vinha a Tóquio, Meishu Sama era dos primeiros a comprar entrada. Gostava muito de música e de teatro. O teatro atraía-o por sua atmosfera de aventura e beleza.

Meishu Sama vivia sempre com a cabeça cheia de ideias e planos. Isto acontece a muita gente, mas Meishu Sama realizava suas ideias e planos. O pensamento era sempre seguido pela ação.

Houve uma ocasião em que gostou dos poemetos waka, poemas com 31 sílabas. Nunca tinha composto este tipo de poesia, mas se apaixonou pelo assunto. Compôs muitos e muitos poemetos destes e ficava entretido até duas ou três horas da madrugada.

E queria que os discípulos também escrevessem versos! Como o waka era mais difícil, estimulava-os a comporem o Kanku com 17 sílabas. O Kanku é uma espécie de poesia tipo desafio. O tema é dado nas primeiras cinco sílabas e daí vão se desenvolvendo. Muitos dos seus discípulos dedicaram-se à composição poética.

Meishu Sama era alegre e tinha grande senso de humor. Tinha vocação para a prosa humorística, inclusive máximas e paródias. Ele achava que o riso é indispensável para a humanidade. Ele era um verdadeiro talento para despertar a hilariedade.

A natureza de Meishu Sama é comparável a um prisma de muitas faces. Em 1922 estava em voga o alpinismo e esta mania também chegou ao Japão. Escusado é dizer-se que Mokiti praticou o alpinismo com entusiasmo.

Esta época foi difícil. Num esforço para melhorar a situação financeira, deixou em segundo plano a vida espiritual. Pressentindo uma desgraça, resolveu mudar-se para o arrabalde de Omori em Tóquio. A 1o de setembro de 1923 houve o grande terremoto que destruiu Tóquio. Mokiti perdeu a loja e todos os bens. Foi obrigado a abandonar o comércio. Foi o tempo dos apertos e das contrariedades. Foi então que voltou para a religião Oomoto, aprofundando-se no estudo do Mundo Espiritual.

Em Oomori, para disfarçar as tristezas encorajando o bom humor e o riso, Meishu Sama fundou uma sociedade humorística, a qual denominou Showaki (Sociedade das Boas Risadas).

Alugou uma casa pequena perto de sua residência. Ali ficavam abrigados os discípulos encarregados de vender o jornal da Doutrina Messiânica, naquela época. Os jovens faziam todo o serviço da casa e saíam durante o dia para venderem o jornal, dentro e fora de Tóquio.

Naquele tempo, o povo não aceitava e nem compreendia a Doutrina Messiânica. Os jovens eram enxotados como se enxota um mendigo impertinente. Chegavam a atiçar cães contra eles. Mas tinham fé e não desistiam. Tanto perseveraram que o jornal acabou sendo aceito. Mais tarde ficou até muito conhecido, pelo nome de "Luz do Oriente".

Para amenizar a amargura das perseguições, Meishu Sama fundou a Sociedade das Boas Risadas. Era uma distração e um estímulo. Os poetas novatos saíam-se muito bem. Meishu Sama em pessoa recitava os poemas para estimular os discípulos. E quem mais ria era o Mestre. Quanto mais o Mestre se retorcia em gargalhas, mais o auditório ria. Era uma higiene mental. Com seu espírito vivo, Meishu Sama conseguia criar uma atmosfera de animação e otimismo. Os aborrecimentos ficavam esquecidos.

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