CAPÍTULO XIII

Para que o Paraíso se estabeleça neste Mundo, há uma condição fundamental. Esta é a supressão da maldade tão arraigada na alma da maioria dos homens.

Entretanto, é curioso observar-se que, pelo bom senso natural, toda criatura humana rejeita a maldade. O criminoso sempre apresenta uma autodefesa para seu crime. O ladrão não se considera um culpado. Porém a sociedade precisa defender-se com leis éticas e moralizadoras e com sanções penais se quiser evitar a dominação do Mal. A Educação e a Religião baseadas no bom senso também ensinam a praticar o Bem e evitar o Mal.

Meishu Sama explicou que há várias graduações do Mal dentro de três divisões: maior, médio e menor. Aquele que é deliberado e conscientemente mau, sentindo prazer em arquitetar maldades, está dentro da divisão do mal maior. Os que praticam o mal inconscientemente, impulsivamente, sem uma vontade deliberada de destruir ou prejudicar, estão dentro do mal médio e são, talvez, a grande maioria. Dominados pelo egoísmo, mentem para conseguir vantagens, furtam por meio de subterfúgios que ninguém percebe, abusam dos fracos, falam mal dos outros, etc. Dentro do mal menor, ficam os que praticam o mal por ignorância. Um selvagem que pratica sacrifícios humanos para agradar o seu deus ficará nesta divisão.

Mas a mais nociva da todas as maldades, dentro das maldades inconscientes, é o mal que se comete deliberadamente, julgando estar fazendo um bem. A história está cheia de exemplos horríveis neste setor.

Meishu Sama, em sua vida rotineira, ensinou pelo exemplo como deve ser a conduta humana. Em família ou com os discípulos, era sempre racional e justo, exigente, porém gentil. Causava sempre uma ótima impressão em quem lidasse com ele. Irradiava amor e inspirava confiança.

Exigia que cada um cumprisse suas obrigações, mas sempre tinha o cuidado de não ofender a suscetibilidade de quem era admoestado. Tinha tal habilidade para ralhar que a pessoa, em vez de ficar revoltada ou zangada, sentia gratidão por ser esclarecida por ele. Meishu Sama muitas vezes recorria ao humorismo quando ralhava. Com seu sotaque edoíta e sua vivacidade peculiar, fazia observações engraçadas que disfarçam a dureza da admoestação.

Meishu Sama tinha fé em Deus e confiança nos homens. Sempre descobria boas intenções e bondade no próximo. Por isso foi querido e respeitado. Falava sempre de coração aberto, com lealdade e franqueza, até com as pessoas que acabava de conhecer. Ele sabia e sentia que todos são filhos de Deus. Compreensivo e afetuoso, tratava todos com gentileza, grandes ou humildes. Quanto à fé em Deus, o maior exemplo que nos deixou foi quando em 1928 deixou todos os negócios na mão do gerente, a fim de dedicar-se ao trabalho espiritual. Sua fé jamais se abalou e se manteve firme na obediência à missão que Deus lhe confiou. Graças a esta fé, pôde organizar e desenvolver o Plano de Deus na Terra.

Quando faleceu em Atami, no dia 10 de fevereiro de 1955, o pesar era geral. Todos suspiravam:

- Morreu tão cedo! Devia ter vivido muito mais tempo! Sua vida era tão preciosa!

Viveu 73 anos. Poderia ter vivido mais. Entretanto, realizou tantas e tantas coisas, que nos dá a impressão de que viveu muitas vidas no tempo que decorreu de 1882 a 1955.

Os empreendimentos têm mais valor que os anos na contagem e balanço duma vida.

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