CAPÍTULO XIV

Meishu Sama viveu compenetrado de sua missão de difundir o Programa da Luz Divina no Japão e no mundo inteiro. Por isso, não perdia um minuto e exigia que os seus seguidores também não perdessem tempo em coisas fúteis ou desnecessárias. Foi um homem que trabalhou muito, numa espantosa atividade concentrada num Sublime Ideal.

Cada dia planejava o emprego de suas horas procurando aproveitá-las o melhor possível. Por certo tinha consciência de que o prazo da vida humana é pequeno demais para ultimar-se uma grande missão. Não gostava do conversas fiadas, porém como soubesse ser firme sem rispidez, justo sem parcialidades, bondoso sem fraqueza, sabia ouvir com paciência e atenção aqueles que o procuravam.

Meishu Sama considerava de suma importância estar em dia com os acontecimentos no mundo. Conversava sobre política, religião, comércio, ciência, sempre esperando expandir seus conhecimentos. O rádio também era um poderoso auxiliar nesta curiosidade pela vida universal. Arranjava seus horários de modo a poder ouvir as notícias do rádio. Ouvia enquanto fazia a barba ou tomava banho ou estava comendo. Nestas ocasiões não era interrompido e podia prestar atenção tranquilamente.

Quando saía para os passeios a pé, sempre levava um rádio portátil ou, conforme as circunstâncias, alguém levava o rádio para ele. Por exemplo, quando supervisionava a construção da casa de chá num canto do jardim da sua residência em Atami, ia ouvindo notícias no rádio ao mesmo tempo em que fazia sua inspeção. Aquele rádio do Mestre era comparável à sineta no pescoço do gato, conforme a fábula de Esopo. Os operários sabiam quando ele vinha vindo e tratavam de aplicar-se ao trabalho.

À tardinha, enquanto folheava livros de arte ou escrevia cartas ou desenhava a letra da Luz ou pintava o quadro de Kannon, havia sempre alguém lendo os jornais em voz alta para ele ouvir. Era o protótipo do homem que faz duas ou três coisas ao mesmo tempo.

Sem dúvida, Meishu Sama foi um iluminado, mas não foi somente por isso que realizou o Programa da Luz Divina. Sabia unir a ideia à ação. Sabia prestar atenção às coisas pequenas, aos mínimos detalhes da vida rotineira, sempre alerta e com uma extraordinária disposição para trabalhar. Estas qualidades, adquiridas pela vontade e pela disciplina, o habilitaram para ser um instrumento nas mãos de Deus.

Com o decorrer do tempo, Mokiti Okada transformou-se num Mestre fundador duma Doutrina e seus discípulos o consideravam e consideram o Messias. Em verdade, os discípulos o divinizavam guiando-se por seus Ensinamentos, ávidos de suas palavras sábias. Ele tornou-se um Oshiemioya (o Grande Mestre), iluminado, um eleito de Deus.

Contudo, é interessante observar-se como a esposa e os filhos, mesmo aceitando o papel dele de o Grande Mestre, o consideravam especialmente como esposo e pai. Este é um índice de sua verdadeira grandeza. Do alto de sua elevação, identificava-se com os seres humanos por sua dedicação e carinho.

O Mestre viveu com muitos sofrimentos físicos e morais como qualquer simples mortal atingido pelas tempestades da vida. Seus Ensinamentos apresentam o sofrimento como uma forma de purificação. Sua via é uma prova irrefutável desta verdade.

Ele ensinou que a purificação é governada pela Lei de Causa e Efeito, como todos os outros processos. Quando aparecem nuvens e vibrações inferiores e vão se acumulando a ponto de obliterarem o espírito, a Lei Natural produz uma reação para expelir, o que contradiz à natureza espiritual do homem. Então chegam as doenças, os desgostos, a desgraça, acidentes e desastres. Estas coisas não acontecem por mero acaso. Têm suas causas nos pensamentos e ação do homem. De nada adiantará ao homem tentar remediar os efeitos se não souber combater rijamente as causas. O homem que consegue compreender isso começa a perceber a causa do infortúnio.

Meishu Sama, referindo-se à grande enchente que flagelou o Japão na área de Kyushu em 1953, declara-a um resultado de acumulação de impurezas mentais. Calamidades naturais como tufões ou enchentes são causadas pelos homens, resultantes dos maus pensamentos e maus atos. Em vez do homem lastimar-se e imprecar contra Deus por causa do infortúnios e sofrimentos, devia compreender que é o causador de sua infelicidade e só devia queixar-se a si próprio.

A maioria das pessoas não percebe isso e procura a causa dos infortúnios em fatores externos. Esquece-se de seus erros e põe toda a culpa na Mãe Natureza, nas outras pessoas, na sociedade, na educação moderna, no governo. Muita gente que ocupa os postos de liderança também pensa, erroneamente, do mesmo jeito. É uma grande falha que gera ressentimento e revolta. Ressentimento e revolta aumentam as nuvens e as toxinas.

Muita gente se considera num beco sem saída e, em desespero, chega a matar ou a suicidar-se, desencadeando consequências espirituais ainda mais graves. Como o homem geralmente ignora a causa do infortúnio e do sofrimento, fica girando dentro dum terrível círculo vicioso.

O Mestre também sofreu pobreza e doença, injustiça e perseguição, contrariedade e fracasso, enfrentando muitos apuros sempre de ânimo forte, com uma fé inabalável na justiça e na bondade de Deus. O Mestre compreendeu que suas inúmeras e variadas purificações não eram castigo ou capricho do céu. Nenhuma dor é vã. A Lei de Equilíbrio está sempre presente em todos os fenômenos. A dor nada mais é que um efeito, quando são violadas as Leis de Deus. A dor só poderá cessar depois de aprendida a lição que lhe justifica a presença.

Pela dor e pelo trabalho intenso, Meishu Sama foi preparado por Deus para a missão do Programa da Luz Divina. Sua alma de aço, animada por um espírito iluminado, foi temperada ao fogo da desgraça. Foi o sofrimento que deu a Meishu Sama uma compreensão profunda do verdadeiro sentido da vida. E o Mestre soube aplicar esta compreensão no verdadeiro bem de tudo quanto existe.

Para todos os que o conheceram, é um estímulo e uma inspiração.

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