CAPÍTULO XV

Mokiti Okada, desde cedo em sua vida de homem comum, apesar de dotado de grande inteligência e de grandes dotes artísticos, impressionou-se com fatos misteriosos que lhe marcavam o destino. Aos 14 anos, quis dedicar-se à pintura e desenho, mas teve de sair da Escola de Arte por causa de uma doença nos olhos. Sempre foi perseguido pela doença. Aos 30 anos teve tifo e ficou hospitalizado durante três meses. As amidalites e dores de dente o martirizavam. O desespero quase o levou ao suicídio. Entretanto, foram os males físicos que o fizeram compreender e comprovar em seu próprio corpo o perigo do uso de medicamentos.

Em seus Ensinamentos, explicou com clareza que o que chamamos de doença nada mais é que um processo natural para restaurar-se o estado de equilíbrio, que é a saúde. A doença está intimamente associada às nuvens que obliteram o espírito humano. Hoje em dia fala-se muito em doenças psicossomáticas, acarretadas pelos desgostos, pela tensão emocional, pelos desajustes. O que será tudo isso senão nuvens do espírito, como diz Meishu Sama. As nuvens acumuladas no corpo espiritual trazem a doença para o corpo físico, que é minado pelas toxinas. O mal estar que a pessoa sente é um indício desagradável do trabalho que se processa para eliminação das toxinas. Quando se toma um remédio, o que se faz é combater um efeito, mas a causa persiste e far-se-á sentir novamente, quase sempre muito mais intensa.

Sendo Mokiti Okada uma pessoa diferente das outras, deveria sofrer grandes desajustes dentro do ambiente em que vivia. Lutando para desvendar estes mistérios, Mokiti chegou à iluminação e transformou-se em Mestre de Sabedoria. Um mistério não pode ser explicado pela razão ou pela lógica. Todo o progresso da Cultura baseou-se no esforço do homem para desvendar os mistérios que o cercam. Vai estudar os fósseis para tentar descobrir como era a vida do seu antepassado pré-histórico. Delirou-se à física e à química, para tentar descobrir as transformações da matéria, e chega à decomposição do átomo, porém o mistério continuou indevassável. Médicos e naturalistas usam o laboratório e o microscópio para pesquisarem a estrutura do corpo humano e fazem experiências em animais, sempre no esforço de desvendar-se o mistério da vida. Astrólogos estudam os astros tentando devassar o mistério do Destino. É um prisma com muitas faces, porém a essência do mistério é a mesma.

Diz Meishu Sama que o maior de todos os mistérios é a Fé. O mistério da Fé em Deus é maior ainda que o mistério do amor que une as criaturas. Na Doutrina Messiânica, há muitos mistérios que favorecem sua expansão. O Johrei é o maior de todos. O que nos faz ficar impressionados com Meishu Sama é sua preocupação de explicar os mistérios o mais possível, por mais difíceis que sejam. Isso o coloca na posição do Messias digno duma época essencialmente racionalista. Meishu Sama completa com a afirmação de que a compreensão só poderá ser atingida quando houver elevação espiritual.

A vida de Meishu Sama é um exemplo da elevação espiritual aplicada à conduta humana. Viveu dominado pela ideia de diminuir a injustiça no Mundo, numa revolta ativa contra o Mal. Considerava o jornalismo como uma rica fonte de divulgação, mas não conseguiu fundar o seu jornal. Este fracasso o encaminhou à vida mística, procurando no campo religioso o que não conseguira encontrar no campo social. Aos 40 anos ingressa na seita Oomoto, que estava em foco pelos idos de 1920 e que hoje está praticamente desaparecida, como se sua função tivesse sido apenas a de atrair um espírito como o de Mokiti, que fundaria a Doutrina Messiânica. A seita Oomoto foi um simples degrau na grande escada para a Luz.

Todos se impressionam com a decadência moral e social no mundo de hoje. O ser humano parece regredir, pondo para a dissolução da família, optando pelo amor livre. Entrega-se aos tóxicos e psicotrópicos para fugir à angústia. Cega-se pela crueldade, com o terrorismo. O progresso traz a poluição do ar que acarreta males novos acrescidos aos velhos males. Meishu Sama esclarece. Com a aproximação da Era do Dia e consequente aumento da Luz Divina sobre a Terra, as purificações vão aumentando no mesmo grau. Paulo de Tarso ficou cego quando a Luz do Cristo lhe apareceu. Ficou cego porque ainda não estava purificado. Pelo Johrei e pelo serviço para o bem do próximo, a rudeza das purificações no mundo há de modificar-se gradativamente, ao mesmo tempo em que vão sendo dissipadas as nuvens espirituais. Desta forma, a humanidade está se preparando para receber a Luz Divina com intensidade cada vez maior.

Na Era do Dia, a Luz Divina será intensa e direta, como são os raios do sol ao meio-dia. É preciso que tudo que é falso, mau e impuro seja trazido à tona para desta forma ser eliminado. Eis o motivo de surgirem novas doenças, calamidades, terremotos, acidentes horríveis, crimes cruéis, crises financeiras, guerras, etc. A isso tudo é que a Sagrada Escritura chama de “Juízo Final”. Vai se processando gradativamente, lentamente como sempre sucede nos processos naturais. Aqueles que conseguirem limpar-se suficientemente de suas impurezas estarão mais aptos para se ajustarem à Luz Divina intensa e direta. Aqueles que tiverem pouca ou nenhuma compreensão espiritual não suportarão a intensidade da Luz. Portanto, o remédio para se enfrentar o chamado Juízo Final é, segundo o Mestre, estudar, observar, trabalhar e renovar-se para o bem. O homem que assim proceder vai ampliando a visão espiritual que existe em menor ou maior grau em todo o ser humano. Aquele que ajuda os outros nada mais faz do que ajudar a si próprio.

Meishu-Sama esclareceu pelo exemplo e pela palavra que a liberdade não está no abuso da faculdade de raciocinar e realizar, mas sim na felicidade de obedecer a Deus, lutando pelo bem de todos, ainda mesmo que seja com sacrifício pessoal.

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