NA REUNIÃO DE POEMAS DE HUMOR

Enquanto visitava a casa de Meishu-Sama, em 22 de janeiro de 1932, perdi a minha casa e comecei a dedicar exclusivamente a Deus, como tinha sido previsto por Meishu-Sama. Desde que havia recebido esta predição, haviam transcorridos um ano e oito meses, durante os quais, quase todas as noites, havia ido ouvir suas experiências. Então sucedeu algo surpreendente.

Em agosto de 1930 anunciou que a partir do mês seguinte iria formar um grupo chamado Tenjin: nele se apresentariam poemas de humor que enviássemos; assim que propôs o tema. Apesar disto, decidi não mandar poemas na primeira vez e sim ouvir os de outros, pois não sabia como compor. Em 10 de setembro. quando os apresentou, foram tão graciosos que Meishu-Sama chorou de tanto rir; e, também, nós, os membros, rimos muito.

Estimulado por isso, eu comecei a enviar os poemas, um após outro, a partir da segunda reunião. Ademais, me deram o nome artístico de Chimpo (Tesouro curioso) e com o primeiro poema que enviei me presentearam um certificado como prêmio. Pela alegria que sentia, levei à reunião o dono de um comércio chamado lzumiya, que era nosso vizinho. Neste dia, também, a reunião esteve muito alegre. Ao terminar a leitura, pedi ao dono do comércio lzumiya que fosse primeiro, pois fiquei ouvindo as experiências até meia-noite. Enquanto ouvia sua experiência, Meishu-Sama me disse, de repente, como se houvesse recordado algo: “Ah, Sr, Okaniwa, o Sr. lzumiya não esté bem de saúde.” Estas palavras me assustaram, porque o comerciante se sentia saudável e forte nesse momento. A dizer a verdade, eu estava duvidando de que um homem tão saudável estivesse mal. Não obstante, depois de alguns meses, numa manhã, o primogênito daquele comerciante, o Sr. Kiichiro, entrou precipitadamente à minha casa e disse: “Senhor, senhor, teu pai é muito teimoso e se nega ir ao médico apesar de estar resfriado e sem voz. Aconselhe-o, pois eu não sei o que fazer.” Por sorte, meu irmão havia chegado e disse: “Bem, eu o levo ao médico”, e o acompanhou ao consultório do Dr. Honda, que era em Guinza.

Segundo o diagnóstico médico, estava com câncer na laringe e necessitava de imediata cirurgia, de tal forma que ele abriu um buraco na parte inferior da laringe, por onde poderia respirar. Ele emagreceu muito devido à agonia e dor; seu rosto se converteu em algo parecido à cabeça de uma galinha e finalmente veio a falecer. A sua loja vendia frutas, verduras ocidentais para a cozinha européia e aves; e como afogava as aves, ele foi atacado por uma enfermidade da laringe; pelo acontecido se viu claramente que até o seu rosto ficou parecido com o de uma ave.

Através de sua perspicácia, Meishu-Sama exemplificou uma pessoa que não era membro e que somente estivera presente uma vez na reunião de poemas; sem dúvida, previu a sua morte. Apesar de tudo, devido à minha ignorância, não pude ajudá-lo, e sinto que não tenho nenhuma desculpa justificável. Um dia antes de sua morte, um pouco depois das onze e meia, o Sr. Kiichiro veio correndo, outra vez, e disse tristemente: “Senhor, senhor, já não há esperança; mas como todos os parentes moram longe, não teremos tempo de avisá-los, mesmo através de telegrama. Não sei o que fazer”. Então, de repente me ocorreu algo: eu pediria à Deusa Kannon para prolongar sua vida; assim, subi imediatamente ao primeiro piso para fazer tal pedido. Quando terminei de orar e desci, o relógio estava a marcar doze horas. Então declarei aos empregados da loja: “A vida do vizinho está assegurada até às doze horas do dia de amanhã. Mas amanhã, quando o relógio marcar doze horas, teremos que dar graças à Deusa Kannon, assim todos estarão preparados.” Pouco depois, o Sr. Kiichiro apareceu outra vez: perguntei-lhe como estava o seu pai. Respondeu-me que estava melhor. Então lhe disse: “Não te preocupes; pedi à Deusa Kannon para prolongar a sua vida até ao meio-dia de amanhã.” Ele se retirou com uma cara estranha. Enfim, a Deusa ouviu a minha prece. No dia seguinte, quando o relógio marcou doze do meio dia, subi ao primeiro piso para expressar minha gratidão. Quando desci, o Sr. Kiichiiro entrou precipitadamente, dizendo: “Senhor, senhor! Já não aguentará mais!”...

Quando cheguei à sua casa, a alma já havia deixado o corpo do Sr. Kamejiro Katayama, para sempre; havia partido para outro mundo. No entanto, seu rosto continuava parecendo como o de uma galinha. Como afogava as galinhas para matá-las e vendê-las, morreu com o rosto de galinha, atacado de enfermidade na garganta pelo espírito das aves. Ao escrever isto, as pessoas dependentes da cultura moderna talvez rissem; mas, em primeiro lugar, evidencia a perspicácia de Meishu-Sama que anunciou a morte do Sr. Katayama, com alguns meses de antecedência, sem que a medicina pudesse imitá-lo.

Ainda que digam que a ciência é onipotente, é mais inexplicável a teoria dos estudiosos modernos que não conhecem a verdade do Universo. Antes de mais nada, quem produz o ar que não pode faltar a vocês, nem por um minuto ou sequer por um segundo? Os seres humanos respiram o ar absorvendo o oxigênio e liberando o gás carbônico. Este gás carbônico é aspirado pelas plantas. Até aqui está claro, mas de onde se gera o ar que nunca se acaba?

Também, no ar existem muitos micróbios que a gente, hoje em dia, teme muito. A nós, que não temos medo deles, não passa nada, e os homens cultos que os temem se adoentam. Ademais, os que antes falavam do país divino, o Japão, país de Deus, de repente se calaram quando o país perdeu a guerra e, ao contrário, afirmaram que não existia Deus, o que é verdadeiramente um ato ridículo.

Por outro lado, o avião fabricado por meio da ciência, a qual reúne os conhecimentos mais modernos, desapareceu fugazmente nas fraldas do Monte Minara, em um só dia. Olhem o movimento do Universo. Desde dezenas de milhares de anos, sempre tem havido o mesmo movimento, sem ter nenhuma pequena diferença tanto nos dias de grandes tormentas e de ventos contrários, como nos dias de ventos favoráveis e de céu limpo. Como poderia explicar isto somente com a teoria da gravidade? Imagino-me que Deus, quem criou o mundo, esteja rindo com amargura.

Okaniwa Shinjiro - Conselheiro Adjunto

 

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