O DEUS KANZEON BOSSATSU

Avalokiteshvara (sânscrito)

Guanyn, Kuan Yin ou Guanshuyin (chinês)

Kannon, Kanzeon, Kanjizai (japonês)

Kannon é provavelmente a mais popular e a mais complexa figura de adoração do budismo. Ele é também conhecido como Lokeshvara, “Senhor do Mundo” ou Lokanatha, “Protetor do Mundo”. Além disso, por fornecer segurança àqueles que se encontram em situações perigosas, adversas e difíceis, ele é também chamado “Aquele que dá Segurança” (Abhayandada).[1]

Segundo a mitologia budista, essa divindade reside na Montanha Potalaka, de forma octangular, razão pela qual o templo Kōfukuji de Nara tem essa forma. Avalokita significa “aquele que olha para baixo com compaixão” e ishvara significa senhor, soberano. Guanyin foi modificado para o japonês Guze[2] e significa “a salvação do mundo”, segundo o Capítulo Fumon (“A Passagem Universal do Boddhisatva Kanzeon”) do Hōkke-kyō (“Sutra de Lótus”). A interpretação do seu nome revela que esse bosatsu “ouve atentamente as vozes e as inquietações do mundo”, para poder prover socorro imediato, pois seu voto é justamente esse: ouvir os clamores do mundo, ajudar os aflitos e dissipar o mal e as calamidades. Essa necessidade de relacionamento entre as pessoas e uma divindade polivalente provavelmente explica porque a fé em Kannon tem sido tão difundida. Ele segura na mão esquerda um frasco sagrado contendo uma flor de lótus e a mão direita está estendida para baixo, com a palma da mão para frente. Em pinturas, pode aparecer cavalgando o leão mitológico chamado shishi.

É o bosatsu mais venerado do budismo mahayana, no Japão e nas principais ilhas asiáticas. Outros nomes desse bosatsu no Japão são Semuisha, Rengeshu e Daihishōja. Nenhuma outra divindade budista foi tão adorada como Kannon, além de Fudō Myōō. A personalidade dos dois tem muito em comum com os deuses hindus. É tido que eles devem ter se originado de associações com importantes divindades hindus como Shiva e sua consorte Parvati, e, portanto, algumas características suas foram associadas à iconografia budista, resultando na forma de bosatsu, como Kannon, enquanto outras foram dando expressão a um novo grupo de divindades como os Reis da Luz, Myōō. Também devido à sua grande popularidade, as imagens foram representadas de várias formas.

Na Índia, a fé em Kannon surgiu no século I desde o início do desenvolvimento do budismo mahayana e tornou-se popular somente no século V. Porém, Kannon já tinha um extensivo seguimento na Índia budista no século III. No início do século V, o sábio indiano Kumarajiva (jap: Kumarajū, 344-413 d.C.), traduziu para o chinês o Hōkke-kyō (“Sutra de Lótus”) e outros sutras que falam de Kannon. Por essa época, a adoração de Kannon já tinha alcançado certa generalização.

Seu culto passou da Índia para o Sudeste da Ásia e Java, depois para o Nepal, Tibete, China, Coreia e Japão. Todos esses locais imaginaram formas diferentes segundo seus próprios temperamentos e personalidade. Ao longo dos séculos, no Tibete, muitos reis compassivos e líderes espirituais têm se autointitulado como reencarnações deste bosatsu, incluindo o Dalai Lama, o qual acredita-se ser Kannon na forma humana.

No Japão, a adoração a Kannon começou por volta do século VII, logo após a introdução do budismo, sendo representado com onze faces, simbolicamente derramando graças em todas as direções. Um pequeno Amida na coroa (kebutsu) é uma das faces principais, pois Kannon é um dos principais auxiliares de Amida. Na China é dito que Kannon é um filho espiritual de Amida, estando sempre com este quando ele recebe as almas dos devotos falecidos e os conduz ao Paraíso de Amida (Terra Pura). Tipicamente, Amida é mostrado descendo em um lótus ou uma nuvem, e Kannon está ajoelhado em frente a outras figuras segurando um lótus sentado para levar a alma ao Paraíso Oeste de Amida. Também se diz que Kannon representa o reflexo espiritual no mundo das formas de Amida, ambos sendo um – um no Céu, outro na Terra.

Kannon é geralmente esculpido em sândalo, madeira que tem uma qualidade adesiva e facilita a elaboração de uma escultura mais detalhada. Cores e folhas de ouro raramente eram aplicadas nas imagens de sândalo de Kannon para que não afetasse a agradável fragrância da madeira. Mesmo quando folhas de ouro eram aplicadas, elas somente adornavam as sobrancelhas, lábios e ornamentos do peito.

De acordo com o sutra Kannon-kyō (“Sutra de Kannon”), Kanzeon pode se transformar em trinta e três formas diferentes[3] e aparecer em diferentes épocas e lugares, livremente, sem restrição, para salvar as pessoas e, portanto, é também conhecido como “o bosatsu que compreende sem restrições”. Avalokitesvara é por esta razão chamado de Kanjizai Bosatsu, o bosatsu que “vê e age livremente”.[4]

Principais Formas

As formas mais fundamentais dessas “diferentes manifestações” (henge-kannon) são seis:

  1. Aryavalokitesvara (Shō Kannon), o Kannon Sagrado;
  2. Ekadasamuhka (Jūichimen Kannon), o Kannon de Onze Faces (ou Kannon com a Coroa de Dez Cabeças);
  3. Sahasrabhuja (Senju Kannon), o Kannon com Mil Braços;
  4. Chintamanicakra (Nyoirin Kannon), o Kannon realizador de desejos;
  5. Hayagriva (Batō Kannon), o Kannon com a Coroa de Cabeça de Cavalo;
  6. Chundi (Juntei Kannon), a Deusa Mãe Kannon e Amoghapasa (Fukūkensaku), o Kannon “com corda e rede”.[5]

Shō Kannon, no Japão, tem uma cabeça e dois braços, sua forma fundamental. Por causa de seus traços femininos e sua expressão gentil e maternal, ele é comparado à Nossa Senhora do catolicismo. Tem um “terceiro olho” na testa, três linhas no pescoço, um alto topete e longas tranças sobre os ombros, joias adornando o peito, braceletes, faixas de tecido que se estendem do ombro esquerdo para o lado direito, estola, cordões ornamentados de joias e sarão. Tem Amida Nyorai como kebutsu central da coroa, faz o gesto seppō-in (“gesto da exposição da Lei”) e segura uma flor de lótus. Esse seria o Kannon primordial capaz de assumir as 33 formas.

Estátua de Shō Kannon em pé

Período Heian (794-1185)

Altura: 100,3 cm

Museu de Belas-Artes MOA, Atami, Japão

Jūichimen Kannon é o Kannon coroado com Dez Cabeças. Entre elas há, a mais, uma pequena figura de Amida Nyorai, no alto, denominada kebutsu. Contudo, é a face maior, principal, a que se somam as dez da coroa. Essas onze cabeças resultaram em um nome geral: jūichi (onze) e men (face). Essa foi a primeira forma tântrica de divindade a ser produzida no Japão no final do século VII. Adorada mesmo antes do estabelecimento das escolas esotéricas budistas no Japão, sua popularidade cresceu muito e muitas estátuas foram requisitadas, o que explica o grande número de figuras que existem até hoje tanto do final do período Nara (710-794) como do período Heian (794-1185).

Tanto na China como no Japão, o padrão reconhecido do arranjo da coroa se tornou aquela de três filas de cabeças no topo da cabeça principal, que geralmente é maior do que as subordinadas. Esse Kannon pode ter quatro braços de acordo com os preceitos estabelecidos na dinastia chinesa Tang (618-907), mas havia somente uma estátua desse tipo na Índia, em um templo na caverna. Num estágio posterior, eram somente mostrados com quatro braços, mas as versões iniciais têm somente dois. É a primeira manifestação a derivar de uma forma humana normal de uma cabeça e dois braços.

O arranjo de duas cabeças na altura da orelha da cabeça principal e das outras cabeças em seu topo segue basicamente um estilo indiano que não foi muito empregado no período Nara (710-794). Segundo o monge Esho (650-714), o número correto de cabeças seria vinte, embora suas dimensões não importassem, já que eram apenas símbolos do poder de Kannon. As três cabeças frontais devem expressar a compaixão de Buda (três cabeças bosatsu). As três da esquerda expressam ira, as três da direita com grandes presas ameaçadoras, e a de trás, uma apenas, tem um sorriso alto e malevolente para ridicularizar aqueles de má índole, de modo que se sintam envergonhados, mas encorajados a retornar para o caminho da virtude. Essas dez cabeças são arranjadas sobre a parte mais larga e central da cabeça como partes de sua coroa, sem destoar da face principal que sintetiza, com equilíbrio, todas as outras diferentes expressões, símbolos dos estados humanos dos quais Kannon promete nos libertar.

Senju Kannon, cujo nome completo é Senju Sengan Kanjizai Bossatsu, é o Kannon de 11 cabeças, mil braços, com um olho e uma arma em cada uma das mil mãos, simbolizando sua capacidade para abraçar a terra e aliviar o sofrimento de todas as pessoas com milagres ilimitados.

Uma lenda nos explica a origem dos mil braços. Segundo ela, fazendo o voto de salvar todos os seres viventes, Kannon desceu ao Inferno para retirar de lá as almas condenadas. Entretanto, nem bem Kannon virou as costas para deixar o Inferno, este já estava lotado novamente. Assim, para realizar efetivamente a salvação, Kannon multiplicou seus braços ao número de mil, podendo, dessa forma, retirar do Inferno todos os espíritos condenados ao sofrimento.

Introduzida na mesma época de Fukūkenjaku Kannon, superou-a em popularidade e se produziram tantas estátuas que suas representações assumiram formas tântricas mais complexas, o que culminou no Kannon de Cem Braços chamado de Senhor de Todos os Kannon. Sua representação normalmente possui cem braços, mas as feitas no Período Heian (794-1185) têm 42 braços: dois são braços normais, mas cada um dos 40 braços restantes representa os 25 mundos budistas, resultando em 1000 mundos (40 X 25).

As onze cabeças simbolizam as principais virtudes do bosatsu, as quais Ele usa para conquistar os onze desejos que podem obstruir a tentativa de iluminação. A cabeça do topo ou figura de pé representa o Buda Amida, a quem Ele é intimamente relacionado.

Um famoso exemplo da ideia de que imagens repetitivas eram uma das práticas religiosas formais da época é o sentaidō. Em adição a muitos Salões Amida construídos, havia também numerosos sentaidō (Salão de Mil Imagens) que abrigavam estátuas de Kannon ou Jizō bosatsu. O exemplo sobrevivente mais conhecido é o Sanjūsangendō[6], em Kyōto, empossando mil e uma imagens de Senju Kannon e cerca de trinta figuras auxiliares. Muitos templos nas montanhas empossam estátuas dessa divindade como imagem principal, mas nenhuma alcançou a quantidade que se encontra no Salão Sanjūsangendō. São 1001 estátuas de Senju, 500 em pé, à direita, e 500 à esquerda de uma grande imagem de Senju sentada.

Sentai Kannon, séc. XIII, madeira, 165 cm, Templo Sanjūsangendō, Kyōto.

Nyoirin Kannon, cuja representação do templo Kanshinji é a maior e mais antiga estátua desse Kannon produzida no Japão, é também uma das imagens que ilustram o auge da arte budista esotérica no país. Sentado com um joelho levantado (posição rinnōza), tronco mantido reto e a cabeça levemente inclinada para um lado, essa típica postura de relaxamento tem, ao mesmo tempo, sensualidade e dignidade.

Ele segura quatro objetos: a jóia nyoihōju, significando a consecução de todos os desejos salutares, a conta de pedras para oração (juzu[7]), a Roda de Lei (rinpō) e uma flor de lótus. A mão direita toca o lado direito da face (gesto de meditação) e a outra está com a palma voltada para o chão. Com a joia e a roda, ele satisfaz os desejos dos seres humanos.

Nyoirin Kannon

Templo Todaiji, Nara

O Batō (“cabeça de cavalo”) Kannon é largamente adorado nas regiões montanhosas, como protetor dos viajantes, e imagens suas, de pedra, são frequentemente encontradas. Ele normalmente aparece em uma forma feroz, com 3 faces, 8 braços e com uma cabeça de cavalo elevando-se acima dele. Foi uma vez adorado por fazendeiros que mantinham cavalos e gado, mas sua proteção se estende para todos os animais que trabalham para os homens. Batō é capaz de subjugar os “quatro demônios” (shima). Ele é o mesmo Batō Myōō. Segura uma conta, uma Roda, uma flor de lótus e um “machado-agulha” (shifun). Também há muitas imagens diferentes com 3 faces e 4 braços. As divindades Batō e Juntei aparecem nos sutras no início do século VII.

Fukūkenjaku ou Fukūkensaku[8] é o Kannon que “apanha infalivelmente”. Ele arrasta, através do mar do sofrimento do mundo, uma corda e uma rede para salvar todas as pessoas sem deixar ninguém de fora. É uma das mais poderosas manifestações de Kannon do período Nara (710-794).

Para enfatizar mais o seu poder, a divindade tem mais um olho no meio da testa e oito braços. Há também imagens de uma face e 4 braços ou 3 faces e 6 braços. Os braços de Fukūkensaku são designados a segurar vários símbolos de poder. Eles estão em posição simbólica ou seguram algum objeto simbólico como a flor de lótus, o bastão de monge, um batedor de moscas (o afastamento dos assuntos mundanos) e o laço (kenjaku). Duas mãos estão unidas em frente ao peito num gesto de oração e os outros seis braços se irradiam ao redor da figura. Entre as mãos em oração há a jóia cintamani, que elimina a infelicidade e representa o poder absoluto. Atrás, tem-se um halo de metal trabalhado com formas flamejantes e raios metálicos que sugerem a luminosidade do corpo. Usa uma coroa de prata trabalhada, na qual há uma estátua de Shaka em pé. Tais detalhes refletem claramente a influência do budismo esotérico. Com o passar do tempo, as cores da coroa foram sumindo, mas seu esplendor original tinha cerca de vinte mil pedras, tais como jade, âmbar, cristais e pérolas. Embora Fukūkensaku tenha outras representações, todas elas são baseadas no deus hindu Shiva.

Principais emblemas de Kanzeon Bosatsu

A lista seguinte foi tirada de uma edição chinesa do Sutra do Coração do Dhāranī da Grande Compaixão:

  1. A Pedra da Satisfação dos Desejos (Cintamani), significando a consecução de todos os desejos salutares.
  2. Uma corda, com a qual Ele amarra todas as circunstâncias nocivas.
  3. Uma tigela incrustada de joias, contendo remédios para as enfermidades.
  4. Uma espada, para subjugar os espíritos aquáticos.
  5. Uma vajra ou cetro adamantino de duas cabeças, às vezes erroneamente chamado raio, para subjugar os demônios.
  6. Uma adaga-vajra, para causar a capitulação dos inimigos.
  7. Uma das mãos estendida com os dedos e o polegar apontando para cima de maneira semelhante a uma tigela, para subjugar o medo.
  8. Um disco solar contendo um pássaro, para banir a escuridão.
  9. Um disco lunar contendo um coelho, para neutralizar o veneno.
  10. Um arco, significando uma carreira gloriosa.
  11. Uma flecha, para aproximar os amigos.
  12. Um ramo de salgueiro, para afastar a doença.
  13. Uma escova branca ou espanador em forma de bandeira, para afastar as necessidades.
  14. Um vaso de “longa vida”, significando tudo o que é virtuoso e amoroso.
  15. Uma plaquinha com cabeça de dragão, para subjugar os animais selvagens.
  16. Um machado, significando proteção contra as autoridades opressoras.
  17. Um bracelete de jade (arredondado e não obstante aproximadamente triangular), para obter serviço filial de filhos e filhas.
  18. Um lótus branco, significando a consecução do mérito.
  19. Um lótus azul, significando o renascimento numa Terra Pura.
  20. Um espelho precioso, significando prajna, sabedoria.
  21. Um lótus purpúreo, significando que haveremos de contemplar os Boddhisattvas.
  22. Uma tigela incrustada de joias com frutas, para escapar das armadilhas.
  23. Uma nuvem de cinco cores, para entrar no caminho dos imortais.
  24. Uma garrafa de água descansando sobre a palma da mão, para o renascimento num Brahma-loca (Céu Nebuloso).
  25. Um lótus vermelho, para alcançar o renascimento num deva-loca (um céu menos abstrato do que o Brahma-loca).
  26. Uma alabarda, para neutralizar os efeitos da desonestidade das pessoas.
  27. Uma concha, para invocar os devas (deuses), espíritos benfazejos.
  28. Um cajado, para com ele obter o controle dos espíritos.
  29. Um rosário, para convocar os Budas das Dez Direções a virem rapidamente em socorro de alguém (isto é, para receber alguém numa Terra Pura).
  30. Um sino com topo de vajra, para com ele executar maravilhosas obras musicais.
  31. Um selo precioso, para com ele obter o dom da eloquência.
  32. Um gancho, para com ele obter a proteção dos devas dos reis-dragões benevolentes.
  33. Um bastão monacal com ponta de ferro, significando um desejo compassivo de proteger os outros.
  34. Duas mãos, palma contra palma, mas sem se tocarem, significando a capacidade de reverenciar e amar a todos os seres sencientes.
  35. Uma imagem de Buda cercada por um nimbo e sentada sobre lótus, significando passar vida após vida com os Budas sempre ao lado.
  36. Um pavilhão palaciano, significando que se habita vida após vida no palácio dos Budas.
  37. Um volume precioso, para com ele alcançar grande saber.
  38. Uma roda dourada, significando que desde esta vida até a consecução do estado de Buda a Roda da Iluminação nunca cessará de girar por nós.
  39. Duas mãos, pulso contra pulso, com os dedos mais ou menos na horizontal e apontando para a direita e a esquerda, e com os Budas das Dez Direções para outorgar o poder e predizer sucesso certo na consecução da Iluminação.
  40. Um cacho de uvas, para assegurar colheitas abundantes de frutas.
  41. A mão aberta estendida, dedos apontando para baixo com o néctar da sabedoria e da compaixão (conhecido como orvalho doce) fluindo do olho no centro da palma para mitigar a fome e a sede.
  42. Mão direita descansando sobre a esquerda, palmas para cima, significando o poder de subjugar espíritos vingativos em todos os inumeráveis universos.
 
 
VISÃO DE MEISHU-SAMA SOBRE KANNON

Kanzeon Bossatsu (Kannon) é a forma transformada do Deus Izunome-no-Ookami quando Este chegou à China, após ter passado pela Índia com o nome de Kanjizai Bossatsu. Kanzeon significa “Contemplador dos Sons do Mundo”, ou seja, Aquele que ouve os lamentos e pedidos de todos os seres. No budismo, é considerado o Bodhisatva da Compaixão, ou seja, Aquele que fez o voto de permanecer no mundo até que todos os seres sencientes fossem salvos.

Segundo a explicação de Meishu-Sama, Kanzeon Bossatsu é um disfarce do próprio Deus Supremo, que, durante a Era da Noite, assumiu a condição búdica para executar a salvação indiscriminada do Bem e do Mal. Porém, agora na Era do Dia, Ele joga suas vestes e surge como Miroku. Kannon representa o poder de 2/3, ou seja, do fogo e da água, mas Miroku representa a totalidade 3/3, já que é fogo + água + terra. A Cintamani, Bola de Luz que Meishu-Sama trazia em Seu ventre, foi outorgada por Kannon para a salvação da humanidade.

Leia aqui o Ensinamento de Meishu-Sama da Criação da Civilização sobre o Deus Kanzeon Bossatsu!

Veja aqui as imagens de Kannon desenhadas por Meishu-Sama!



[1] Saddharma Pundarika Sutra, “O Sutra do Lótus da Boa Lei”, traduzido ao português por João Rodrigues a partir da versão em inglês por Burton Watson.

[2] A Kannon do Yumedono (“Salão dos Sonhos”) do templo Hōryūji, é comumente chamada de Yumedono Kannon ou Guze Kannon, que se acredita ser a forma original (honjibutsu) do príncipe Shōtoku Taishi, e imagens dessa forma foram adoradas em muitos templos, sendo a mencionada o único exemplo sobrevivente da primeira metade do século VII.

[3]Essa é a origem dos trinta e três estágios de peregrino. Porque Buda pode assumir 33 formas para salvar as pessoas deste mundo, o número 33 é sagrado no budismo.

[4] Ou, segundo o Mestre Jinsai explica, Ooshin Miroku, “livre e desimpedido”.

[5] Essas divindades representam os Seis Mundos, Rokudō. Fukūkensaku e Juntei estão num mesmo nível de manifestação, sendo a primeira na escola Tendai e a segunda para a escola Shingon do budismo.

[6] Sanjūsangendō, o “salão dos trinta e três Ken”, é outro nome do templo Rengēō-in da escola Tendai em Kyōto. Esse nome se deve aos trinta e três ken (equivalente a 20,11 metros) de sua fachada. Foi fundado por Taira-no Kiyomori em 1164 para o imperador retirado Go Shirakawa em 1164. Incendiado em 1249, o templo foi restaurado em 1266. Seu nome oficial é Rengeōji, “Templo do Rei Lótus”.

[7] Colar de 108 contas que representam as 108 ilusões a que os seres humanos estão sujeitos.

[8] Embora a palavra kenjaku, que significa “laço-armadilha”, forme o nome dessa Kannon, Fukūkenjaku, normalmente a palavra jaku aparece sem sonorização, sendo Fukūkensaku o nome mais comum, embora às vezes encontremos Fukūkenjaku Kannon.

 

2 Comments

  1. É MUITO LEGAL SABER SOBRE DEUS ANTES DE DE TER SE TORNADO UM ASSUNTO DE “RELUGIÕES” QUE ACHATOU A REFERENCIA DIVINA EM DOGMAS RELUGIOSOS QUE MUITAS VEZES TEM FINALUDADE DE MANIPULAR SEGUIDORES DESINFORMADIS OU POUCO CURIOSO DE SUAS PROPRIAS CAPACIDADE DE CONHECER SOBRE DEUS ANTES DO FENOMENO RELIGIÃO QUE AO MEU VER É UMA FERRAMENTA POLITICA DE MANIPULAÇÃO DE MASSA.

  2. É muito importante compreender Kannon, para desta forma compreender melhor Meishu-Sama e seus ensinamentos, e desta forma se adaptar a algo que não conheciamos. Obrigado pela didática.

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