NIHON-JI

A partir do dia 4 de fevereiro de 1928, o Mestre Jinsai, que, através do transe de 1926, se conscientizara da sua importante missão de salvar o mundo, solidificou a decisão de dedicar-se de corpo e alma à Obra Divina. Três anos mais tarde, em meados de maio de 1931, ele recebeu a seguinte Ordem de Deus: “No dia 15 de junho, vá ao Templo Nihon-ji, no Monte Nokoguiri, situada em Boshu, no Estado de Tiba“. Imediatamente, iniciou os preparativos para seguir a Vontade do Altíssimo.

Templo Nihon-ji, localizado no Monte Nokoguiri, é o mais antigo templo da Região Kanto. Construído por ordem do Imperador Shomu e da Imperatriz Komyo para nele se fazerem os pedidos de harmonia, proteção, segurança, beleza e outras graças para o país, foi inaugurado pelo bonzo Gyoki a 8 de junho do ano 725, como o Templo Nascente do Sol que cultua Yakushi Nyorai, divindade oriental cuja existência foi captada pela Imperatriz. Dizem que, na ocasião, juntamente com o documento do edito, escrito por seu próprio punho, o Imperador doou a esse templo aproximadamente dezenove quilos de ouro; a Imperatriz, entre outras doações, ofertou um quadro bordado por ela própria, representando as trinta e três transformações de Kannon.

A imagem principal do Templo Nihon é de Yakushi Ruriko Nyorai e foi feita por Gyoki. Além dela, estão assentadas a imagem do Kannon de Mil Braços, feita por Jikaku Daishi, a de Daikokuten da Sorte, feita por Kobo Daishi, e outras. Antigamente, a construção abrangia uma enorme área de aproximadamente 230.000 m2, incluindo sete torres, doze santuários e cem residências para bonzos.

O Templo Nihon-ji é considerado um dos poucos locais antigos de aprimoramento situado no Japão, e nele estiveram por algum tempo bonzos famosos como Roben, Kobo, Jikaku e outros dirigentes budistas que percorriam o país fazendo difusão. Seu vasto terreno abrange três picos ao norte: o Ruri, o Nitirin e o Gatsurin. O templo fica a 329 metros acima do nível do mar e daí podem ser avistados dez estados ao mesmo tempo. Árvores velhas e densas ocupavam toda a montanha, e entre as rochas de formatos interessantes existiam estátuas de pedra de Sakyamuni, Yakushi, Amida, diversas estátuas de Dainiti, Monju, Fuguen, Kannon, Seishi, Miroku, Jizo, Kokuzo, Fudo, Aizen, Konpira, Daikoku, estátuas dos dez grandes discípulos de Sakyamuni, dos seminaristas budistas adoradores de Yuima, que não deixaram suas casas, do Príncipe Shotoku, do Mestre Kobo, mais de mil e quinhentos Rakan etc. Assim, o Monte Nokoguiri possuía aspectos que faziam lembrar a Montanha Grindhrakuta, situada na Índia, local das pregações de Sakyamuni.

Entretanto, as magníficas e grandiosas construções que faziam parte do Templo Nihon-ji foram atingidas por diversos incêndios causados pelas guerras, tendo sido restauradas várias vezes. Na Antiguidade, chegaram a ser reformadas e retocadas por Yoritomo Minamotono e Takauji Ashikaga, mas, depois da Restauração Meiji, a montanha toda entrou em decadência, e muitas estátuas foram destruídas. Isso aconteceu não apenas por causa da discriminação sofrida pelo budismo (93) a partir da Restauração Meiji, mas também por causa das superstições e crendices populares. No Templo Nihon-ji, segundo dizem, a destruição das estátuas foi maior que em outros templos, pois começara a entrar em moda a caça às cabeças das estátuas de Rakan, como registra o famoso romance escrito por Kaizan Nakazato, Daibossatsu Togue(“Pico do Grande Bossatsu”), no capítulo Awa no Kuni (“Estado de Awa”), a propósito das estátuas de Rakan existentes naquele templo: “Sempre existe uma cabeça parecida com a da pessoa em quem pensamos. Se pegamos essa cabeça sem que ninguém saiba e a sufragamos secretamente, os nossos desejos são atendidos”. Por isso, os Rakan sem cabeça do Templo Nihon-ji ficaram famosos. Em 1915, todas as estátuas desse templo haviam sido recuperadas, mas dizem que, logo depois, entrou em moda a caça às cabeças. No mês de junho de 1931, quando a comitiva do Mestre Jinsai visitou o local, muitas se encontravam nesse estado de depredação.

A respeito do Templo Nihon-ji, o Mestre Jinsai disse: “Seu nome é Nihon e não existe outro com o mesmo nome. Além do mais, Kenkon, outra denominação do Templo Nihon-ji, significa ‘Céu e Terra’. Por isso, esse templo possui um grande significado”.

Foto tirada em frente ao prédio principal do Templo Nihon. o segundo da direita para a esquerda, na segunda fileira, é o Mestre Jinsai; em seguida, Yoshi e o bonzo Tanaka

Em frente ao prédio principal do Templo Nihon-ji há uma figueira-dos-pagodes (árvore originária da Índia, de flores amarelas e perfumadas). Associando que Sakyamuni dormiu o sono eterno debaixo de uma dessas árvores e que nesse templo existem diversos tipos de estátuas budistas, o Mestre Jinsai interpretou que o local é uma região sagrada, que representa o kata do mundo budista no Japão.

Depois da visita que ele fez ao Templo Nihon-ji, este sofreu um grande incêndio, no dia 26 de novembro de 1939, o qual atingiu a maioria dos santuários e destruiu grande número de estátuas budistas. Posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, o Monte Nokoguiri tornou-se uma região estratégica e, infelizmente, os famosos santuários e os locais pitorescos foram devastados. A restauração do templo só foi iniciada muito depois da guerra, em 1962.

O Templo Nihon-ji, que na época de sua construção pertencia à Religião Hosso, mais tarde passou a pertencer à Religião Tendai e, posteriormente, à Religião Shingon, sendo que, na Era Edo, tornou-se templo da Religião Soto. No início da Era Showa, época em que o Mestre Jinsai o visitou, ele era terra santa desta última na Região Kanto. Seu administrador era o bonzo zen Sogaku Harada, e o bonzo responsável era Jossetsu Tanaka (19 a geração). Por coincidência, este e Seitaro Shimizu, discípulo do Mestre Jinsai, eram amigos íntimos, e por isso Shimizu foi incumbido de fazer os preparativos para a viagem ao Templo Nihon-ji em junho.

O imponente portão

Do tão almejado Templo Nihon-ji

Ergue-se após o sopé

Do Monte Nokoguiri.

Parece possuir relação

Com o Deus da Luz do Sol.

Seu nome é

“Templo da Nascente do Sol”.

 
 

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