SERMÃO

Eu jamais quero esquecer-me da existência das belas-artes nas raízes da religião. De qualquer obra de arte afluem símbolos concretos da Verdade, do Bem e do Belo. Ou seja, penso que o ato de o religioso iluminar as massas por intermédio de uma filosofia artística consiste, afinal, em nelas implantar o espírito da Verdade, do Bem e do Belo. Vale notar, ainda, que ninguém como o Príncipe Shotoku — quem divulgou o budismo no Japão — teve tanto interesse pelas artes. A cultura esplendorosa da era Tempyo deveu-se, exclusivamente, a ele. Vejam, por exemplo, as imagens de Buda da época: o sorriso suave; a piedade que aflora da jovem face de traços marcantemente delineados; a nobre atmosfera que silenciosamente nos vem ao encontro — em suma, pressente-se o movimento em meio ao repouso. Uma sensação de paz, além de tudo. Por isso, julgo que a verdadeira religião manifesta-se integralmente dentro das obras de arte. A Verdade e o Bem consistem em elementos espirituais, mas o Belo é capaz de sublimar a alma através dos olhos.

Trata-se de fato histórico inegável que a Religião é a mãe da Pintura, da Escultura, da Música e de todas as demais Artes. Tal evidência, hoje, vem diluindo-se gradualmente; Religião e Arte estão distanciando-se — corroborando nesse fato as influências da ciência moderna. Fala-se do declínio da religião, mas, indiscutivelmente, este não é o estado original dos acontecimentos. Religião e Arte devem avançar paralelamente como as rodas de um carro. Eu sou adepto da tese absoluta de paz, segundo a qual onde a Religião e as artes florescem, jamais ocorrem guerras. Consequentemente, acredito que o objetivo final da Religião reside nisso. Nesse sentido, a Igreja Sekai Meshiya Kyo promove exposições artísticas com frequência. Ampliando essa concepção, pretendo realizar em uma loja de departamentos de Tóquio uma grande mostra das peças de arte da minha coleção, que já começam a despertar o interesse dos vários círculos da sociedade. Tal empreendimento também se fundamenta no meu princípio de que a Religião e as Artes se encontram profundamente interligadas. (Omitiu-se a parte final)*

Jornal Tokyo Nichinichi, 24 de fevereiro 1953

*Omitiu-se, na presente obra, a parte final, por não estar particularmente relacionada com as Artes.

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