0 – INTRODUÇÃO

Repórter: A construção dos Protótipos do Paraíso Terrestre de Hakone e Atami foi desenvolvida sob a orientação direta de Meishu-Sama e com a dedicação dos fiéis oriundos de todo o Japão. Naquela época, o país ainda não estava livre da situação confusa de pós-guerra, e faltavam inúmeros materiais e maquinarias para a construção. Ouvi dizer que só foi possível contar com a força humana. Escavar montanhas, aterrar vales, amontoar pedras, transplantar árvores.., só se conseguiu realizar essa grande obra, de acordo com a Providência Divina, graças à fé absoluta que os fiéis depositaram em Meishu-Sama, cujo desejo era construir o protótipo do Paraíso Terrestre, e graças ao intenso espírito de dedicação, não é?

Objetivando o Centenário de Meishu-Sama, pode-se dizer que a última etapa da construção do Zuiun-kyo está sendo processada através das obras do Museu de Belas-Artes de Atami. Hoje, mais uma vez, reativando o ardor em nossos corações, e com o espírito de dedicação daquela época, desejamos corresponder aos anseios de Meishu-Sama.

Vamos aprofundar o nosso conhecimento sobre os acontecimentos daquela época ouvindo os senhores Yoshitaro Katsumata, jardineiro-chefe do Shinsen-Kyo de Hakone, e Issao Morimoto, jardineiro-chefe do Zuiun-kyo de Atami, os quais, ao lado de Meishu-Sama, encabeçaram o grupo de dedicantes durante a construção do Protótipo do Paraíso Terrestre.

Em primeiro lugar, indaguemos pormenores sobre os cuidados que Meishu-Sama dispensava aos dedicantes e trabalhadores.

Katsumata: Parece-me que foi em 1948 ou 1949, ano em que se desencadeou o tufão lon. Com esse acontecimento, a estrada de Miyaguino (Hakone) afundou dois metros, formando-se um rio enorme; dentre os nossos trabalhadores, houve dois ou três que tiveram suas casas arrastadas pela correnteza, e muitos outros sofreram grandes prejuízos, em virtude das inundações.

Todos estavam em dificuldades, principalmente porque era uma época precária em alimentos.

“Isso é muito grave”, disse Meishu-Sama ao saber da situação. Embora Ele não tivesse fartura de alimentos, repartiu Seu arroz entre os flagelados. Além disso, recebemos bastante ajuda monetária e também outros auxílios, que nos emocionaram a ponto de nos fazer chorar.

Morimoto: Em Atami aconteceu a mesma coisa.

Em virtude do racionamento do arroz, eu estava em dificuldade. Ciente disso, Meishu-Sama repartiu o Seu comigo, dizendo: “Quando se trabalha para Deus sentindo fome, o serviço não sai bem feito. Por esse motivo, dê uma porção para cada um”. Houve uma época em que recebíamos arroz todos os dias.

Uma vez, Meishu-Sama perguntou: “Vocês conseguiram fazer “moti”[1] no Ano Novo?”

“Como o arroz está racionado, só conseguimos fazer uma pequena quantidade” — respondemos. “Então vamos repartir o moti” — disse Ele. Depois dessa conversa, muitas vezes recebemos do “moti” colocado entre as oferendas de Ano Novo.

Eu também me lembro do que o Sr. Katsumata acaba de dizer. Realmente, naquelas ocasiões, a alegria era tão grande que eu não continha as lágrimas.

Katsumata: Não partiu de nós a ideia de pedir, nem tampouco me lembro de ter expressado um ar de tristeza. Apenas nos limitamos a responder à pergunta que Meishu-Sama nos fez.

Como era uma época ruim, em que havia falta não só de alimentos mas de quase tudo, Meishu-Sama também estava em dificuldades. Mas, sem se importar muito com isso, preocupava-se conosco, em todos os sentidos, coisa que outras pessoas não conseguem fazer.

Morimoto: É verdade.

Mudando de assunto.

Foi na época da substituição do velho ien pelo novo. Quando comecei a servir na Igreja, ainda trabalhava por empreitada, em outros lugares. Ao término de um serviço que pegara, o patrão me disse que não era possível me pagar o valor do novo ien, então lhe pedi que fizesse o pagamento com base no valor do antigo. Entretanto, com o que recebi, não me foi possível pagar ao meu empregado, e tive prejuízo. Por causa desse acontecimento, quando me encontrei com Meishu-Sama, perguntei-Lhe como seria o pagamento e Ele me respondeu que eu não precisava me preocupar, pois seria feito em ien novo.

Repórter: Extraordinário! De imediato, Ele pressentiu as preocupações dos trabalhadores e, com essa resposta, tranquilizou a todos. E o que me diz sobre as orientações a respeito do trabalho?

Katsumata: No começo, o encarregado era o Sr. H, mas depois o encargo passou a ser meu. Recebia ordens e fazia o trabalho de acordo com a orientação recebida, sempre pedindo a vistoria de Meishu-Sama.

Às vezes surgiam contradições entre o que Meishu-Sama dizia e as ordens dadas pelo senhor H. Então, Meishu-Sama chamava-lhe a atenção com todo o rigor, dizendo: “O senhor está valorizando muito seu sentimento. Que utilidade tem isso na construção do protótipo do Paraíso Terrestre?” Escutei essa repreensão três vezes, mais ou menos.

Depois comecei a receber ordens diretamente de Meishu-Sama e não recebi muitas censuras. Acho que eu não era muito desobediente...

 


[1]Moti: Bolo de formato redondo, feito de um arroz especial, socado. É uma iguaria que se come por ocasião de certos festejos, especialmente no Ano Novo.

 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *