2 – A FORMA COMO MEISHU-SAMA DAVA VIDA ÀS PEDRAS

Repórter: No Jardim de Musgos também há grandes pedras, não é?

Katsumata: Aquela ali também é bem grande. Está enterrada mais ou menos um metro abaixo da terra. As outras não. Sempre que lidamos com pedras, fazemos tudo para que elas pareçam bem grandes, mas Meishu-Sama pensava de modo diferente. Para Ele, o importante, quer se tratasse de pedra grande ou pequena, era utilizá-las de acordo com o lugar apropriado, dando-lhes vida. Assim, certa vez, quando Ele mandou que abaixássemos umas pedras, colocamo-las um metro dentro da terra. Além disso, colocamos uma quase plana em frente ao Templo da Luz do Sol, enterrando-a, também, mais ou menos um metro. Isso porque Meishu-Sama dissera: “Se ela ficar muito alta, causará má impressão”. Realmente, depois de colocada, ficou muito melhor da forma como Meishu-Sama falou.

Repórter: A Sua maneira de utilizar as pedras era bem diferente daquela empregada por todos os jardineiros que tinham existido até então, não é? Imagino que, no começo, devem ter ficado perdidos...

Katsumata: Acho que no primeiro ano sim, mas, por mais que um especialista pense e procure fazer o melhor, o que é ruim, não deixa de ser ruim.

Como a colocação das pedras ficava melhor quando eu agia conforme a instrução do Mestre, considerei que o essencial era ser obediente.

Mais tarde, fui compreendendo por que Meishu-Sama dizia para colocar uma pedra de determinado modo. Por isso, hoje em dia, ajo como Ele: logo que percebo uma falha, procuro corrigi-la rapidamente.

Repórter: O Sr. Morimoto, no começo, trabalhava fora e, ao mesmo tempo, para Meishu-Sama. Depois, passou a trabalhar apenas para Meishu-Sama, isto é, para a Igreja. Penso que, até chegar a esse ponto, ele deve ter passado por várias dificuldades.

Morimoto: Foi na época em que comecei a trabalhar no Shinsen-kyo de Hakone. Certo dia, recebi um telefonema da Sede Provisória, situada no bairro de Shimizu, em Atami, dizendo para que eu levasse três pés de sassa (uma espécie de bambu) até Hakone.

Como pensei que qualquer pessoa pudesse plantá-los, levei um comprido, um médio e um curto.

“Aqui estão” — disse eu. Com a intenção de deixá-los ali e voltar logo, fui embora, mas, quando acabara de entrar no trem, o Sr. K veio correndo atrás de mim e disse: “Meishu-Sama pediu para que o senhor plantasse os pés de sassa”.

Então eu respondi que, embora Meishu-Sama tivesse dito que eu deveria voltar e plantá-los, não havia necessidade, pois, naquele tempo, ainda estavam lá o irmão mais velho do Sr. Katsumata e cerca de trinta jardineiros.

Aí ele falou: “Não. Meishu-Sama recomendou que você mesmo os plantasse e por isso lhe peço que o faça”. Como eu fora indicado nominalmente, pensei que era melhor obedecer, e então voltei. Quando perguntei o lugar em que deveria plantar os pés de sassa, disseram-me que seria atrás do Solar da Montanha Divina, na frente de uma rocha que havia no canto.

Sem pensar na intenção de Meishu-Sama, ao determinar que eles fossem plantados ali, coloquei o pé de tamanho médio no fundo; em seguida, o mais comprido, e na frente, bem separado, o mais curto. Nesse momento, o Sr. H, que estava ao meu lado, perguntou-me: “Por que plantou o mais curto afastado dos outros?” De imediato, eu respondi o que me veio à cabeça:

“Tanto a raiz do bambu como a do sassa espalham-se nos lugares bem afastados, e aí nascem os seus brotos. Por isso, calculei que ele tivesse nascido aqui”. Mas acrescentei: “Se Meishu-Sama perguntar por que plantei dessa maneira, responda que o menor foi colocado no lugar onde a raiz se expandiu e nasceu o broto”. Dito isso, fui embora.

Depois, fiquei meditando por que Meishu-Sama me mandara plantar aqueles bambus, e, mais tarde, perguntei ao Sr. K o motivo daquela ordem. Ele respondeu que Meishu-Sama queria saber de que maneira eu plantaria. Então eu lhe disse que, se era esse o motivo, Ele poderia tê-lo dito a mim, pois eu também tinha minhas próprias ideias sobre o assunto. Entretanto, segundo ele, Meishu-Sama havia pensado que eu plantaria o pé mais alto no fundo; em seguida, o médio; no final, o mais curto, e todos separados pela mesma distância. Contudo, ao olhar o modo como eu os plantara, Ele disse que o jardineiro trabalhara como se estivesse vivificando flores.

Repórter: Quer dizer que o senhor foi testado, não é? Meishu-Sama desejava saber se o senhor os plantara como se eles já tivessem sido plantados há muito tempo e crescidos naturalmente, e, também, até que ponto o senhor via as coisas de forma correta. Ele achou bom do jeito que o senhor plantou?

Morimoto: Parece que sim.

Repórter: Ele viu a sua capacidade, não é?